O livro que ensina ao estudante a diferença entre fato e opinião
OTÁVIO BARRETO ROSSO 08/11/2022
Embora nascidos em uma sociedade amplamente digital, os jovens não estão imunes aos efeitos da desinformação e da pós-verdade – expressão definida como uma “circunstância nas quais fatos objetivos são menos influenciadores na formação de opinião pública do que apelos à emoção ou à crença pessoal”. Em outras palavras, quando as crenças pesam mais na formação da opinião pública do que evidências ou argumentos racionais.
Esse fenômeno foi comprovado em um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). De acordo com o estudo, 67% dos estudantes brasileiros de 15 anos não sabe a diferença entre fatos e opiniões.
A consolidação de uma cultura que incentive a opinião baseada em fatos é essencial para transformar esse panorama. Utilizando dados fundamentados para trabalhar os conteúdos em aula, os professores podem ajudar os alunos a fazer a distinção do que é ou não verdade, despertar o senso crítico e a capacidade analítica dos jovens, além de promover sua educação midiática.
Para apoiar a formação de jovens com essas competências, vale a pena conferir as ideias do médico sueco Hans Rosling (1948-2017). No livro Factfulness: o hábito libertador de só ter opiniões baseadas em fatos, ele desmistifica crenças e atitudes com base em estatísticas, mostrando sua importância no combate à desinformação.
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Segundo o autor, o ser humano precisa lidar com dez instintos que distorcem a forma como enxergamos o mundo. Isso faz com que criemos uma versão exagerada da realidade, nos preocupando com diversos aspectos ao mesmo tempo e tirando o foco das verdadeiras ameaças. Os instintos citados pelo autor são:
- Instinto de separação;
- Instinto de negatividade;
- Instinto de linha reta;
- Instinto de medo;
- Instinto de tamanho;
- Instinto de generalização;
- Instinto de destino;
- Instinto de perspectiva única;
- Instinto de culpar;
- Instinto de urgência.
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Na obra, Rosling destrincha cada um desses instintos, trazendo uma grande quantidade de dados e gráficos que ajudam a enxergar o mundo de uma nova maneira.
“Assim como uma dieta saudável e exercícios regulares, factfulness pode e deve se tornar parte de sua vida diária. Se você começar a praticar isso, será capaz de substituir a sua visão de mundo superdramática por uma baseada em fatos. Você tomará decisões melhores, ficará alerta para os perigos e possibilidades reais, e evitará ficar constantemente estressado com coisas erradas”, escreve o médico.
Ao final, um trecho em especial chama a atenção. O autor, que faleceu em 2017, cita uma pandemia como um dos riscos globais que devem (ou deveriam) preocupar a população. Considerando que a primeira edição do livro foi publicada no exterior em 2018, quase dois anos antes da chegada do coronavírus, podemos atestar a eficiência da utilização de números no cotidiano.
Factfulness: o hábito libertador de só ter opiniões baseadas em fatos, por Hans Rosling
Editora: Record
Ano: 2019
Número de páginas: 360
Preço: R$ 71,90
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