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Sala de aula eficaz

6 temas que bombaram na SXSW EDU 2022

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LILIANE MOURA
26/04/2022

Depois de ser cancelado em 2020 e realizado apenas online em 2021, o South by Southwest, mais conhecido pela sigla SXSW, voltou ao seu formato tradicional e reuniu milhares de pessoas para debater inovação, tecnologia, criatividade, cinema, música e artes entre os dias 11 e 20 de março em Austin, no Texas (EUA). A versão educacional do festival, a SXSW EDU 2022, colocou em pauta, durante três dias, temas como inclusão, diversidade e inovação em sala de aula.

1) Recuperação de aprendizagem

A palestra de abertura da conferência ficou a cargo da psicóloga cognitiva Pooja K. Agarwal, coautora de Powerful Teaching: Unleash the Science of Learning (sem tradução para português). Escrita em parceria com a professora e consultora Patrice Bain, a obra apresenta pesquisas, evidências e estratégias para codificar com mais eficiência o processo de aprendizagem.

Professora da disciplina de Psicologia e Neurociência no Berklee College of Music, em Boston, Agarwal estuda desde 2005 por que muitos estudantes simplesmente esquecem os conteúdos desenvolvidos em aula. Esta é, na verdade, uma constatação secular: segundo o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus (1850-1909), pioneiro no desenvolvimento de testes de inteligência, caso não haja um exercício de retenção, o cérebro humano esquece quase 70% do que foi aprendido em apenas 24 horas.

Como solução, Agarwal sugere a prática da recuperação, uma estratégia que deve ser adaptada de acordo com a necessidade de cada turma – mas que pode ser aplicada desde a primeira infância até o ensino superior. Uma dica é a revisão, só que em vez de o educador propô-la, os próprios estudantes devem recordar o conteúdo aprendido. Isso pode ser feito por meio de um exercício de recordação livre, oral ou escrito, levantando ao menos dois assuntos tratados na classe anterior.

Em pesquisas conduzidas com alunos de ensino fundamental e médio ao longo de uma década, Agarwal constatou que testes práticos de recuperação rápida aumentaram as notas de C para A, em média. Além disso, 75% dos alunos disseram que a prática de recuperação reduziu sua ansiedade sobre o aprendizado.

Confira, a seguir, mais cinco temas que tiveram em evidência durante a SXSW EDU 2022.

2) Metaverso

Como era de se esperar, o metaverso estava entre os destaques. Jack Buckley, chefe de ciência de pessoas da plataforma de jogos online Roblox, falou sobre os esforços da empresa nesse sentido. Uma solução em desenvolvimento pela Roblox – que é também um sistema de criação de games – consiste numa ferramenta para avaliar, recrutar e selecionar pessoas para o mundo corporativo. Mas há, ainda, uma série de desafios a transpor. Um deles está na dificuldade de realizar uma projeção sobre o sucesso (ou não) no trabalho, bem como de avaliar o desempenho de estudantes apenas com base em inteligência artificial (IA). A explicação estaria no fato de que os algoritmos ainda não produzem informações fiéis às particularidades de cada pessoa. Logo, recrutadores e educadores não precisam se preocupar com a IA “dominando o (seu) mundo”.

3) Um novo modelo de professor

De modo geral, as instituições de ensino nos Estados Unidos contam com um professor para cada 25 alunos. Na ponta do lápis, a soma dá o mesmo resultado, mas para Kimberly Wright, gerente sênior do programa Next Education Workforce, o processo de ensino-aprendizagem seria muito mais efetivo se fossem quatro professores para uma turma de 100 estudantes. E nem precisariam ser apenas professores. De acordo Wright, um modelo baseado em equipe multidisciplinar, incluindo especialidades como assistentes sociais e psicólogos, por exemplo, distribuiria melhor a experiência junto aos estudantes e proporcionaria reflexões mais interessantes.

Leia mais: Como o professor, em cada turma e escola, pode nutrir o pensamento criativo

4) Desigualdade racial e alfabetização midiática

Um debate sobre questões raciais e mídia foi mediado pela correspondente da NBC News Antonia Hylton e pelo repórter investigativo sênior Mike Hixenbaugh. Os dois estão à frente do podcast Southlake, onde abordam aspectos do cotidiano no subúrbio de Houston, no Texas, e propõem reflexões sobre diversidade, equidade e teoria racial.

A temática teve sequência com a apresentação do jornalista e ativista George M. Johnson, autor do best-seller para jovens adultos All Boys Aren’t Blue (sem tradução para português) – considerado um manifesto de memórias de não-ficção do autor. Melhor Livro do Ano de 2020 segundo a Amazon, a obra está no cerne de uma polêmica por ter sido removida das bibliotecas públicas de oito estados americanos sob a alegação de violar leis de obscenidade e conter material sexualmente gráfico, incluindo descrições de sexo gay e masturbação.

Johnson, que é afro-americano e queer, enfatizou que as bibliotecas se configuram como um recurso crítico para crianças e adolescentes – e que os pais ou legisladores não podem tolher o direito de escolha de suas leituras.

5) Muito além das fake news

Em meio à enxurrada de informação que chega a qualquer pessoa a todo instante, é fundamental que crianças e jovens saibam reconhecer conteúdos falsos. Michelle Ciulla Lipkin, diretora executiva da National Association of Media Literacy Education, esteve na SXSW EDU para falar de educação midiática – algo que vai além da simples identificação de fake news. Mesmo que esse seja um excelente ponto de partida, disse, saber o que fazer com a informação recebida é tão importante quanto interpretá-la – seja ela falsa ou mesmo verídica.

6) Mais atenção a estudantes e professores

Uma das mesas mais disputadas da SXSW EDU 2022 foi a do secretário de Educação dos Estados Unidos, Miguel Cardona. Para ele, a convulsão causada pela pandemia revela uma oportunidade única para mudanças positivas. “Estamos mais perto de uma redefinição na educação do que nunca. Já fomos interrompidos”, afirmou. “Então, por que estamos reconstruindo do jeito que era quando não funcionou para todos?”.

Ainda que não tenha apresentado planos claros de implementação de políticas públicas nesse sentido, Cardona defendeu que qualquer melhoria da educação deve colocar os alunos no centro, bem como respeitar ainda mais os professores. “Este é o nosso momento, precisamos pensar fora da caixa.”

Leia mais: Como derrotar os cinco inimigos do engajamento em sala de aula


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