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Opinião

ChatGPT e outras inovações: o impacto da Inteligência Artificial nas escolas

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LUCIANO SATHLER 
12/01/2023

Uma transformação sem precedentes: foi o que experimentou a sociedade mundial na virada do século 20 com o surgimento da energia elétrica. No entanto, o que experimentamos agora com a Inteligência Artificial (IA) é uma transformação de impacto ainda maior. Ela já está presente no mundo do trabalho, nas recomendações das redes sociais, no e-commerce, nos mapas digitais que usamos no trânsito, nos aplicativos de transporte, nos serviços de streaming e, mais recentemente, vem ganhando terreno na educação. 

Parte desse avanço se deve à aceleração do uso da internet. Empregada de maneira ainda mais intensa desde a eclosão da pandemia, em 2020, a internet aumentou a sensação de deslocamento, quando percebemos quão difícil é acompanhar todas as mudanças tecnológicas em andamento e compreender plenamente os impactos que trazem para as nossas vidas. 

Contudo, é preciso se esforçar na busca dessa compreensão. Especialmente no campo da IA. 

No fim de 2022, a empresa OpenAI lançou o ChatGPT. É um chatbot gratuito de Inteligência Artificial, que pode fornecer respostas longas para praticamente qualquer pergunta, de uma forma que soa estranhamente humana. Ao contrário de uma pesquisa no Google, a nova ferramenta fornece parágrafos completos de informações. É como se a IA conversasse com você.

Desde o lançamento, em novembro passado, o ChatGPT está provocando uma crise existencial em educadores de todos os níveis. Porque os estudantes já começaram a descobrir que podem usar o chatbot para fazer trabalhos escolares. Não é que a IA selecione algo de um site e entregue ao usuário. Na verdade, a inteligência por trás do robô fornece respostas únicas. Uma mesma pergunta, se feita em repetição, gera respostas diferentes. Isso torna a detecção da fraude muito mais difícil. 

Leia mais: Pesquisa da McKinsey revela impactos da tecnologia na educação

Eu pedi ao ChatGPT para definir-se e recebi a seguinte informação:

“ChatGPT é um modelo de linguagem que foi projetado para ter conversas naturais com humanos. Ele foi treinado com uma grande quantidade de texto da internet e, como resultado, é capaz de gerar respostas razoáveis para uma ampla variedade de perguntas e tópicos. Ele é chamado de ChatGPT porque foi treinado usando a mesma arquitetura de linguagem que o modelo GPT (Generative Pre-training Transformer) da OpenAI, mas foi adaptado especificamente para conversas em tempo real com humanos. Ele é usado principalmente para fins de pesquisa e demonstração, mas também pode ser usado em aplicações práticas, como chatbots ou assistentes virtuais.”

Enquanto escrevia este artigo, no início de janeiro de 2023, a OpenAI, proprietária do ChatGPT, era avaliada em US$ 29 bilhões (vinte e nove bilhões de dólares) – uma montanha de dinheiro que demonstra o alcance potencial das soluções que a empresa disponibilizou ao público em geral. A Microsoft, por exemplo, promete incorporar o ChatGPT no seu mecanismo de busca, o Bing, numa tentativa de vencer o Google como mecanismo de busca mais utilizado na internet. 

Organizadores de congressos e os editores de publicações acadêmicas já se preparam para um nível mais alto de cuidado, na tentativa de evitar que trabalhos científicos escritos pela IA sejam divulgados. Já o estado de Nova York, nos EUA, proibiu o acesso ao ChatGPT nas escolas públicas, na tentativa de evitar uma propagação ainda maior da fraude em sala de aula. O problema do copiou-colou é algo que preocupa todos os educadores que levam a sério a educação, pois foi verificado um aumento preocupante do plágio no pós-pandemia.

As reações em todo o mundo atestam que estamos diante de uma mudança de paradigma. O que o ChatGPT produz pode ser considerado um plágio? Ou vamos ter que criar outra palavra para esse tipo de produção não-humana? Cabe lembrar que, recentemente, surgiram várias soluções de IA que produzem imagens inéditas, tais como o DALLE-2, da já mencionada OpenAI – veja a imagem ao lado, criada por mim, com o comando “uma professora ministrando aula com um co-bot inteligência artificial crianças felizes participando”. 

As ferramentas de IA são, sim, uma ameaça séria para as escolas e educadores – mas apenas para aqueles que não se dispuserem a repensar suas práticas. A avaliação de aprendizagem precisa ser totalmente redesenhada. 

É urgente adotar um plano digital escolar e um programa permanente de formação focado nas metodologias ativas e nas competências digitais. É imperativo incluir famílias, alunos e a comunidade ao redor da instituição nas conversas sobre o tema. É preciso analisar quais as mudanças são possíveis nos espaços físicos e no mobiliário, para flexibilizar o modelo tradicional de sala de aula.  

Ou seja, há muito por fazer. E a velocidade do que nos exige a mudança é espantosa.

Leia mais: Metaverso e novas metodologias miram fim das “aulas chatas”

Sobre o autor 

Luciano Sathler é membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Fórum Nacional de Educação – FNE. Foi o primeiro pró-reitor de educação a distância do Brasil. Mantém um blog gratuito: www.inovacaoeducacional.com.br

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