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Gestão escolar

As três escolas brasileiras que estão entre as 50 melhores do mundo

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LILIANE MOURA
05/07/2022

O ano de 2022 marca o lançamento do Word´s Best School Prizes (Prêmio Melhores Escolas dos Mundo, em português). Promovida pela instituição britânica T4 Education, com apoio de diversas organizações, a premiação vai reconhecer e celebrar práticas inovadoras e que tenham impacto real na vida de estudantes e sua comunidade. Entre as 50 finalistas do prêmio, anunciadas em junho, estão três escolas brasileiras – e públicas, diga-se. As campeãs serão anunciadas na Semana Mundial da Educação, entre os dias 17 a 21 de outubro.

Etepam – Recife (PE)

A categoria inovação – uma das cinco que compõem o prêmio – tem entre as dez finalistas a Etepam (Escola Técnica Estadual Professor Agamêmnon Magalhães), no Recife. Uma das mais antigas do Nordeste, fundada em 1928, a escola procura aliar tecnologia com responsabilidade social e ambiental. Em vez das aulas expositivas, os professores apresentam um problema da comunidade e estimulam os alunos a desenvolverem projetos e soluções.

“Quando trabalhamos com inovação e desafios, paramos de dar tudo nas mãos dos alunos e os colocamos para procurar soluções. O professor está ali para provocar”, diz Andrea Vieira, há dois anos diretora da Etepam, em entrevista ao Portal Rhyzos.“No final, o resultado é riquíssimo. Depois que percebem como o desafio é positivo, os alunos se sentem mais estimulados.”

Entre as melhores escolas do mundo: alunos em frente à Etepam.

Leia mais: O que é um espaço maker. E como ele se aplica à educação

A postura da escola levou à criação do “Live Up”. Baseado nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o programa está ligado ao empreendedorismo social. Foi justamente essa ação que garantiu a presença da Etepam na final do Word´s Best School Prizes.

Entre os projetos do Live Up estão a criação de um cobertor biológico, que ajuda a reduzir a poluição da água dos rios, e o software “Cangame”, que apoia alunos autistas nos estudos e na comunicação, já usado em 23 países.

Outro projeto foi a “Construcoco”. “Uma aluna comentou que o bairro em que ela morava sofria com o descarte irregular da fibra do coco, que era bastante comercializado no local. A partir daí, os alunos foram criando possíveis soluções até que chegamos na Construcoco”, explicou o professor Eraldo Guerra. Trata-se de tijolos ecológicos confeccionados a partir da fibra de coco verde. Os produtos são mais resistentes do que o tijolo convencional, e dispensam o processo de queima e de cimento em sua composição.

Caso se consagre vencedora em Inovação – as demais categorias são Colaboração Comunitária, Ação Ambiental, Superação da Adversidade e Apoio a Vidas Saudáveis –, a Etepam pretende investir o dinheiro no Live Up. A premiação é de 50 mil dólares em cada categoria.

Escola Evandro – Cabrobó (PE)

É também em Pernambuco que fica outra finalista do Word´s Best School Prizes. Trata-se da Escola de Ensino Fundamental Evandro Ferreira dos Santos, que fica na periferia de Cabrobó, a 530 quilômetros do Recife. Mais conhecida na região como Escola Evandro, a instituição ganhou projeção na categoria Superação da Adversidade pelo projeto “Distantes sim, desconectados não! Família e escola projetando sonhos, promovendo a inclusão”.

A iniciativa contribui para a erradicação do analfabetismo adulto – e teve, num primeiro momento, o foco voltado às mães dos estudantes. “Contribuir para a formação de familiares da escola é a convicção de que estou educando para a cidadania”, disse em uma postagem no Facebook a professora Fernanda Sheilânia, líder do projeto.

Leia mais: Na Bett Brasil, educadores propõem escola mais inclusiva

Ao Jornal do Commércio, a diretora Elineide Alves contou sobre uma mãe que tinha vergonha da sua carteira de identidade, que a registrava como analfabeta. Ela aprendeu a escrever no projeto da Escola Evandro. Em 2022, tirou uma nova carteira e está muito feliz.

Caso vença, a direção da Escola Evandro pretende usar o prêmio de 50 mil dólares para seguir investindo na comunidade – ampliando o programa de alfabetização dos adultos e ofertando cursos e projetos que incentivem as famílias e os alunos a seguir no ambiente escolar.

EMEF Adolfina J. M. Diefenthäler – Novo Hamburgo (RS)

A terceira brasileira da lista é a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Adolfina J. M. Diefenthäler. Localizada em Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre, a instituição de ensino concorre na categoria Colaboração Comunitária.

Desde 2013, a instituição promove um Comitê de Gestão Democrática. Nele, abre espaço para que a comunidade escolar – pais, alunos e funcionários – tragam sugestões e feedbacks sobre o trabalho realizado no colégio. Assembleias mensais acontecem nas classes. A pauta é registrada em documentos que posteriormente são analisados por essa comissão. Isso gera um sentimento de corresponsabilidade pelo desenvolvimento da escola

Andreia Zimmer, diretora da escola, destacou ao Portal Rhyzos o amadurecimento dos integrantes do comitê com o correr do tempo: “As primeiras assembleias eram de caráter acusatório. Agora, quem levanta o problema já vem com uma solução para discutir junto com o grupo”.

Estar entre as 50 melhores escolas do mundo, segundo a gestora, é uma ótima oportunidade para dar visibilidade a iniciativas das escolas públicas e resgatar a autoestima dos agentes do setor. “É tanta notícia ruim da escola pública. A gente rema tanto contra a maré. Quando temos um projeto bacana, precisamos mostrar às pessoas e demonstrar que a escola pública é séria e que tem trabalho de muita qualidade”, afirma.

A instituição gaúcha não tem um destino definido para o prêmio, caso vença sua categoria. Só há uma certeza: que a decisão passará pelo Comitê de Gestão Democrática. Afinal, na EMEF Adolfina J. M. Diefenthäler, as decisões são coletivas.

Leia mais: Feedback construtivo na escola: por que é importante – e como fazer


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