Slow learning: a educação em seu próprio tempo
FLÁVIO LIBERAL 20/03/2023
Você já ouviu falar do movimento slow? Ele surgiu em meados de 1986, referindo-se de forma crítica ao fast food e seu pouco valor nutricional, baseando-se na ideia de aproveitar o momento e a qualidade na alimentação. Rapidamente, o termo popularizou e passou a abranger diversas áreas, incluindo a educacional.
O slow learning (aprendizagem lenta, em tradução livre) busca promover um aprendizado profundo, o diálogo e a investigação de assuntos de interesse do aluno.
A ideia é se distanciar da aprendizagem tradicional. Ou seja, o slow learning respeita o tempo de aprendizagem de cada aluno, com o professor dando atenção ao perfil e às necessidades do alunado – a metodologia tradicional, muitas vezes, não permite que os alunos aprendam de fato, ocasionando a reprovação, o abandono escolar e/ou a distorção idade-série. O estudo “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar”, lançado pelo UNICEF, em parceria com o Instituto Claro, e produzido pelo Cenpec Educação, indica que no ano de 2019 (portanto, antes da pandemia) cerca de 2,1 milhões de estudantes foram reprovados no Brasil, mais de 620 mil abandonaram a escola e mais de 6 milhões estavam em distorção idade-série.
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Em alguns lugares do mundo, o aprendizado do aluno é avaliado de formas específicas. Na educação americana, o aluno pode revisitar um conteúdo no qual não teve um desempenho satisfatório, podendo melhorar suas habilidades sem a necessidade de repetir o ano. No Brasil, existem escolas onde os jovens são ensinados a organizar o próprio tempo e melhorar o ritmo de aprendizagem. Além disso, o desempenho do aluno é usado pela instituição para medir a eficiência da metodologia de ensino. E, assim, o ensino é adaptado ao nível da classe – outro mérito do slow learning.
Acredito nisso: que para ajudar o aluno a reter o conhecimento, o docente deve adaptar as aulas à classe. Tal modalidade pode se basear em metodologias ativas em que o estudante assume o papel de protagonista na construção do conhecimento, e o professor é um mediador desse processo e não somente o fornecedor de informações.
Outra forma é utilizar a tecnologia ao seu favor. Afinal, pesquisa nacional da Fundação Lemann (organização sem fins lucrativos de iniciativas para a educação pública) mostra que, na opinião de 91% dos pais e professores, a internet torna a escola mais atraente para os alunos.
Sobre o autor
Flavio Liberal é CEO da WorldEd School.
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