Educação em foco: questionamentos e práticas para o ensino bilíngue de qualidade
DA REDAÇÃO 14/12/2022
A educação bilíngue ainda está cercada de mitos. Dentre eles, o receio de que as crianças confundam a língua materna com a estrangeira ou que tenham problemas relativos à alfabetização. A grande verdade, porém, é que a criança a qual desde a tenra idade tem contato com um segundo idioma desenvolve melhor sua cognição e as competências socioemocionais, como pensamento crítico, resolução de problemas complexos e autogestão.
“Além disso, a neuroplasticidade é muito maior na infância, tornando mais fácil a aquisição de outra língua nessa fase”, segundo Adriana Duarte, coordenadora de pós-graduação em Formação de Professores para Educação Bilíngue da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A professora foi uma das participantes do webinar “Educação bilíngue: práticas para o desenvolvimento integral do estudante”. O evento online, realizado no fim de novembro, marcou o lançamento do curso de extensão em educação bilíngue da Rhyzos Educação em parceria com o Claretiano – Centro Universitário.
As vantagens da segunda língua
O aprendizado de um segundo idioma, em especial o inglês, é uma habilidade indispensável para o século 21 e bastante requisitada no mercado de trabalho. Não só pela capacidade de comunicação em um mundo globalizado, como também pelo desenvolvimento das habilidades socioemocionais, aquelas ligadas ao comportamento. (Das 10 competências necessárias ao trabalho para 2025, apenas duas são técnicas, de acordo com o relatório The Future of Jobs Report 2020, do Fórum Econômico Mundial.)
“Se antes o educador só tinha que transmitir conteúdos, agora também precisa ajudar a desenvolver as habilidades dos seus alunos. Esse é o grande desafio atual”, analisa Sylvia de Aragão, diretora do Colégio Trilha, localizado em São Paulo.
Com o desenvolvimento dessas habilidades, que incluem capacidade de resolução de problemas, empatia e pensamento analítico, os estudantes se tornam mais preparados para serem cidadãos do mundo e interagirem com diferentes povos e culturas. “A imersão no idioma amplia a visão de mundo das crianças, assim como sua capacidade de aprender com mais facilidade e rapidez”, comenta Sylvia de Aragão.
Quem pode atuar em uma escola bilíngue?
Em 2021, o Conselho Nacional da Educação instituiu o parecer que define as diretrizes curriculares nacionais (DCNs) para a educação plurilingue, e que aguardam a homologação. Nelas, explicita-se que podem ser consideradas bilíngues apenas as escolas em que os conteúdos da grade comum curricular (como História, Matemática e Ciências ) sejam ministrados em outra língua. Ou seja, o ensino do idioma não é tratado como disciplina isolada.
Portanto, para atuarem nessas instituições de ensino bilíngue com foco na língua inglesa, os professores precisam preencher uma série de requisitos. Dentre os quais, a licenciatura na área e a comprovação de proficiência em língua estrangeira (com nível mínimo B2) e uma formação específica para educação bilíngue.
Adriana Duarte, da UFSCar, explica que a exigência é necessária para garantir melhores resultados nos indicadores da educação básica e do desenvolvimento dos alunos.
“O aluno precisa compreender tanto o conteúdo quanto a língua estrangeira, e isso dá trabalho. O estudante precisa, também, ser colocado em uma situação de desconforto pedagógico em que se sinta desafiado. É isso que o leva a uma transformação”, diz ela, que arremeta: “E o que é educação sem transformação?”
Leia mais: Academia Rhyzos e Claretiano lançam curso de extensão em educação bilíngue
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