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Prática docente

Como tornar a matemática divertida na escola  

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ANA CAROLINA STOBBE 
03/10/2022 

Muitas pessoas têm medo de matemática. A fobia tem até nome: ansiedade matemática. Ela atinge até 30% das pessoas – relata o jornal The New York Times. O dado chama atenção, à medida que observamos outras evidências. De acordo um relatório do movimento Todos Pela Educação, 89% dos concluintes do Ensino Médio saem da escola sem conhecer o mínimo da disciplina. Mas nem sempre foi assim: segundo pesquisa da Ipsos, matemática é a matéria escolar preferida das crianças entre 6 e 9 anos. Ou seja, a aversão aos números surge durante a trajetória formativa.  

Uma das explicações para o fenômeno foi apresentada pelo diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Marcelo Viana. Durante o 4º Seminário Mentalidades Matemáticas, evento promovido em setembro, Viana disse que a falta de conexão com a realidade é o que distancia os estudantes do interesse na disciplina. Enquanto nos primeiros anos do ensino fundamental os números são apresentados como parte do cotidiano, a partir do fundamental 2 os conteúdos e tornam complexos e mais abstratos.  

Para Viana, é papel do professor fazer com que essa conexão com a realidade não se perca. Isto para que a disciplina continue a fazer sentido aos estudantes, de modo mais acessível e interessante – justamente um dos objetivos do projeto Mentalidades Matemáticas, fundado pelo Instituto Sidarta e pelo Centro de Pesquisas Youcubed da Universidade de Stanford.  

Para dar uma força aos docentes, separamos aqui algumas dicas para tornar a disciplina de matemática mais atraente e criativa.  

Leia mais: 3 dicas para aulas mais dinâmicas, práticas e ativas 

1. Mostre que ela está no cotidiano 

A matemática possui diversas aplicações e estará presente na vida mesmo daqueles que não estiverem interessados. Por isso, uma das maneiras de tornar sua aprendizagem mais significativa é mostrando a conexão dela com a realidade de cada aluno.  

Uma das recomendações do Mentalidades Matemáticas é o curta-metragem da Disney “Donald no País da Matemágica”, onde o famoso pato Donald percebe a presença da disciplina em diferentes áreas – até mesmo na música!  

Para quem gosta de exemplos reais, Viana trouxe um exemplo do próprio IMPA: durante as eleições municipais de 2020, no primeiro ano de pandemia no Brasil, o instituto foi consultado pelo então ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, para calcular o risco de contágio durante o pleito. Foi pelas análises probabilísticas que o turno da manhã foi preferencial aos idosos – considerados grupo de risco para a Covid-19 – e o horário de votação, ampliado. 

2. Busque perguntas, não apenas respostas 

Foi a partir desse pressuposto que a coordenadora pedagógica do Mentalidades Matemáticas, Marina França, iniciou sua apresentação no terceiro dia de evento. Em uma apresentação compartilhada, exibiu o número 5 como uma resposta. Então, estimulou todos os participantes a encontrar perguntas cujo resultado poderia ser o número 5. Quantos são os dedos da mão, quanto é 3 + 2, quantas vezes o Brasil foi campeão da Copa do Mundo… Foram várias questões sugeridas pelos participantes. É esse tipo de curiosidade que torna a matemática divertida.  

O professor pode fazer atividades parecidas com os educandos. Ou quem sabe inverter os papéis em sala de aula. Vale incentivá-los a fazerem perguntas relacionadas à disciplina e buscar uma solução em conjunto com o professor.  

Leia mais: O estímulo ao protagonismo do aluno na escola 

3. As respostas podem variar  

Durante todos os dias de evento, foram apresentadas atividades do tipo “qual não pertence?”, em que quatro figuras são apresentadas e os participantes devem selecionar qual delas difere das demais, argumentando sobre as razões da escolha. (Existem diversos desafios apresentados gratuitamente pelo Mentalidades Matemáticas em seu site que podem ser utilizados em sala de aula.)  

Esse tipo de exercício ajuda a derrubar o mito de que, enquanto ciência exata, a matemática não dá abertura ao pensamento. Isso ocorre porque, na maioria das vezes, os exercícios matemáticos aceitam uma única resposta. Mas a lógica também é estimulada ao tentar formular hipóteses para solucionar um desafio. Isso é matemática pura.  

4. A matemática divertida é interdisciplinar 

Sim, todos podem aprender matemática – mesmo em níveis mais complexos. No entanto, cabe lembrar que cada aluno possui afinidades com diferentes áreas do conhecimento. Nesse sentido, aproveite para mostrar como a matemática não está isolada das demais. Dessa forma, quem tende a rejeitar a disciplina pode começar a se interessar.  

Algumas atividades interdisciplinares a ser desenvolvidas incluem:  

  • Se o aluno se interessa por História, que tal apresentar a descoberta do número zero? Ou explicar o porquê de utilizarmos o sistema decimal para quase tudo, mas medirmos o tempo pelo sexagesimal?; 
  • Quem gosta de Filosofia pode ser apresentado à relação dos filósofos com a matemática, como Pitágoras;  
  • Aos que se interessam por ciências da natureza, Física ou Geografia, vale realizar experimentos como o bloqueador solar dos Simpsons

Se a matemática está presente no cotidiano, ela está em todas as áreas do conhecimento. A regra é ser criativo e buscar diferentes possibilidades de correlação entre disciplinas diferentes.  

Leia mais: A diferença entre STEM e STEAM. E sua relação com a PBL 


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