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Prática docente

Quem foi Magda Soares, referência mundial em alfabetização

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ANA CAROLINA STOBBE 
27/01/2023 

Inicialmente, a mineira Magda Becker Soares pensava em enveredar para a área de ciências exatas – assim como o pai, que foi professor de Física na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Mas os caminhos da vida a levaram para a graduação em Letras Neolatinas. Depois, embarcou em um doutorado em didática. Por fim, virou professora. E principalmente: tornou-se uma das maiores referências internacionais em alfabetização e letramento.  

Uma das fundadoras da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, e professora emérita da instituição, Magda Soares morreu em 1º de janeiro de 2023, aos 90 anos, vítima de câncer. Como legado, deixa três filhas, dois filhos, quatro netos e dois bisnetos. Além de uma extensa obra e outras honrarias. Entre elas, foi cavaleira e comendadora da Ordem Nacional do Mérito Educativo e vencedora do prêmio Jabuti.  

Magda Soares também escreveu diversos livros didáticos utilizados desde a década de 1970 na alfabetização brasileira. Foi consultora da Unesco, da Capes e da Comunidade Económica Europeia. Também atuou como membro de comitê assessor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq.  

A obra de Magda Soares 

Magda cursou Letras devido à inspiração da sua professora de Língua Portuguesa, Angela Leão, no Instituto Izabela Hendrix, onde fez o ensino básico. Em seguida, realizou pós-graduação em educação e, diferentemente da maioria dos estudantes de licenciatura, optou por atuar nas séries iniciais. “Percebi que essa aprendizagem [da língua escrita] começa antes e que precisava me dedicar a essa etapa”, relatou para a Revista Diversa.  

Durante a Ditadura Militar, Magda Soares acolheu mulheres grávidas e em situações de vulnerabilidade. Feminista, participou da militância do Partido dos Trabalhadores. São posições que inevitavelmente se refletiam em sua obra. “Acredito na possibilidade de a escola lutar contra a desigualdade”, disse em certa ocasião. Para a educadora, o ambiente educacional reproduz a discriminação social.  

Leia mais: À medida que a desigualdade cresce, a evasão escolar também aumenta 

Discípula e amiga do patrono da educação brasileira, Magda Soares também defendia ideias próximas às de Paulo Freire (1921-1997), que atuou na alfabetização de jovens e adultos.  

Magda considerava que o letramento possui uma função social e deve estar conectado com o contexto no qual o aluno está inserido. Dessa forma, ela inovou na alfabetização infantil, se opondo ao tradicional método baseado em cartilhas e no aprendizado isolado de fonemas.  

Durante a gestão de Fernando Haddad no Ministério da Educação, ocorrida entre 2005 e 2012, Magda atuou como consultora educacional. A partir dos seus estudos sobre letramento, foi criado o Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa, cujo objetivo é garantir a alfabetização em Língua Portuguesa e Matemática até o 3º ano do Ensino Fundamental em todas as escolas brasileiras. 

Aposentada desde o ano 2000, continuou trabalhando até pouco antes de sua morte.  

Além de estar envolvida na produção de um livro sobre a utilização da literatura no ensino da leitura e da escrita, Magda Soares publicou sua última obra pela Editora Contexto aos 88 anos, em 2020: Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e escrever. No livro, a educadora relata sua experiência na rede municipal de ensino em Lagoa Santa (MG). Seu prêmio Jabuti foi conquistado em 2017, com Alfabetização: a questão dos métodos

Além disso, constantemente realizava palestras e prestava consultoria a diversos órgãos nacionais e internacionais. Entretanto, o que Magda Soares gostava mesmo eram as mesas-redondas e os debates, onde podia ter suas convicções questionadas. “Não posso ficar sentada sobre o conhecimento”, teria dito.  

A seguir, conheça os livros publicados por Magda Soares: 

  • Comunicação em Língua Portuguesa (1975); 
  • Técnica de Redação: as articulações linguísticas como técnica de pensamento (1978); 
  • Travessia: Tentativa de Um Discurso da Ideologia (1982); 
  • Alfabetização no Brasil: O Estado do Conhecimento (1989); 
  • Português através de textos (1990); 
  • Metamemória, memórias: travessia de uma educadora (1991); 
  • Avaliação de letramento e suas implicações para medição estatística (1992); 
  • Letramento: um tema em três gêneros (1998); 
  • Alfabetização (2001); 
  • Português: uma proposta para o letramento (2002); 
  • Alfabetização: a questão dos métodos (2017); 
  • Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever (2020). 

Leia mais: Confira 5 dicas de livros para ser um professor antenado 


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