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Competências

Professor capacitado é vital para educação financeira nas escolas

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ANDRÉ SCHRÖDER
06/07/2022

Orçamento, poupança, aplicação, taxa de juros, inflação, imposto, dívida. Dominar os conceitos básicos do universo do dinheiro é fundamental para assegurar o bem-estar econômico. Entretanto, a educação financeira patina no país. As crianças brasileiras não costumam aprender muitas coisas sobre o assunto. Nem em casa, nem na escola. Para mudar o cenário, é preciso levar o tema das finanças para a vida dos estudantes. Mas qual é o melhor caminho?

Quanto antes, melhor

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda que a educação financeira na escola comece o mais cedo possível. A entidade afirma que as lições ajudam as crianças a planejar, economizar e investir seus recursos com eficiência. Também ensinam a evitar golpes e fraudes. 

Na verdade, a lista de benefícios é infindável. Não é simplesmente ganhar dinheiro. Trata-se de estabelecer um padrão econômico adequado, eliminar os desperdícios, identificar as oportunidades e valorizar os recursos conquistados. Os aprendizados ajudam a evitar complicações na vida adulta, pois são capazes de modificar hábitos ruins e fortalecer práticas boas em torno do dinheiro desde cedo.

Leia mais: Os melhores modelos de avaliação na educação do século 21

As vantagens não se limitam apenas aos indivíduos, pois os conhecimentos também garantem o bom funcionamento de mercados financeiros cada vez mais sofisticados. Com gente mais consciente sobre o mundo do dinheiro, a sociedade inteira ganha.

Outro impacto positivo da educação financeira nas escolas é que as famílias acabam envolvidas no aprendizado. Diversos estudos mostram que crianças abordam temas como orçamento familiar em casa. Assim como nos projetos de educação ambiental ou segurança no trânsito, os pais podem aprender a partir das reflexões que o aluno traz das aulas. Para que esse círculo virtuoso funcione, porém, é necessário quebrar uma barreira cultural que afasta o tema do dinheiro das conversas do dia a dia.

O cenário geral é preocupante. O Brasil ocupa o 74º lugar no ranking global de educação financeira, muito abaixo da média das economias avançadas. Números da consultoria Standard & Poor’s indicam que somente 35% dos brasileiros dominam conceitos básicos de finanças. Melhorar o resultado depende do avanço na educação financeira de crianças e jovens, mas o país foi apenas o 17º colocado entre 20 nações pesquisadas no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2018. Segundo o relatório, nem metade dos jovens de 15 anos entrevistados gosta de falar sobre dinheiro.

Leia mais: Nos EUA, cidades pagam professores com base na qualidade. Funciona?

Também chama atenção o fato de que especialistas atribuem ao baixo nível de educação financeira um dos fatores responsáveis pelo enorme número de inadimplentes (mais de 65 milhões de brasileiros em março) e endividados (75% dos lares paulistas em abril) no país. A ideia é reforçada pelo resultado de uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil indicando que 48% dos brasileiros não controlam o próprio orçamento.

Finanças no currículo

Em 2020, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tornou a educação financeira obrigatória nos ensinos infantil e fundamental das escolas públicas e privadas. É um passo importante para introduzir conceitos básicos sobre finanças e economia desde cedo, como recomendado por especialistas e organizações.

O assunto será abordado de forma transversal na grade curricular de diferentes disciplinas, levando em conta aspectos socioculturais, políticos, psicológicos e econômicos em torno do assunto. O foco é trabalhar o planejamento financeiro das famílias, mas o tema das finanças também estará presente em aulas sobre atitudes empreendedoras e na elaboração do projeto de vida, outra novidade do currículo.

É claro que a implantação de qualquer programa educacional depende do professor. Mas, no caso da educação financeira, a falta de capacitação dos professores é uma barreira. Um relatório do Instituto XP e da Nova Escola mostra que 34% dos educadores não se sentem preparados para abordar o assunto.

Por isso a necessidade de mostrar aos professores como cumprir tal missão. Um caminho foi criado em 2021, quando o governo federal lançou o Programa Educação Financeira nas Escolas, parceria entre o Ministério da Educação e a Comissão de Valores Mobiliários. A meta é capacitar 500 mil professores da educação básica brasileira em três anos com aulas oferecidas em uma plataforma EaD. Com os professores aptos para ensinar finanças, o governo espera impactar até 25 milhões de estudantes nos próximos anos. 

O Brasil já sabe que é possível avançar na educação financeira. Em 2010, um projeto piloto com mais de 20 mil alunos de Ensino Médio de 868 escolas abordou o assunto em aulas de matemática, ciência, história, geografia e português. O impacto positivo foi registrado pelo Banco Mundial: aumento de 1% no nível de poupança dos jovens, crescimento de 21% no número de alunos que registram gastos mensais e parcela 4% maior de estudantes dispostos a negociar preços e formas de pagamento. Se não mudarmos o cenário atual, o Brasil seguirá no prejuízo.

Leia mais: Professores trocam experiências em busca de ensino qualificado


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