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Prática docente

Dia Internacional da Mulher: o papel feminino na docência

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ANA CAROLINA STOBBE 
08/03/2023 

As mulheres são maioria na docência. De acordo com último o Censo Escolar, elas representam 57,5% dos 545.974 professores do ensino médio no Brasil. No ensino fundamental, são 77,5% dos 1.414.211 docentes. Já no ensino infantil, a participação das mulheres é de nada menos do que 96,3% em um universo de 657 mil professores.  

Mas nem sempre a situação foi essa. Na realidade, o ensino no País iniciou com homens e para homens. As escolas sequer eram acessíveis para as mulheres – e muitas precisaram lutar para ter acesso a elas.  

Foi apenas no século 19 que as primeiras escolas normais passaram a ser criadas no Brasil. Elas permitiam a participação feminina na docência – o argumento era de que a educação de meninas deveria ser promovida por “senhoras honestas”. Com o tempo, os homens foram migrando para outras áreas e sua expressão no quadro de professores diminuiu.  

À época, como toda novidade, houve quem discordasse da participação feminina no ensino. “Para alguns parecia uma completa insensatez entregar às mulheres, usualmente despreparadas, portadoras de cérebros ‘menos desenvolvidos’ pelo seu ‘desuso’, a educação de crianças”, afirma a professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Guacira Lopes Louro.  

Mesmo enfrentando preconceitos e outras barreiras, as mulheres comprovaram sua importância na docência e têm desempenhado alta relevância desde então, contribuindo para a formação de milhões de brasileiros ao longo das décadas.  

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, conheça a história de algumas educadoras inspiradoras.  

Leia mais: Quem foi Magda Soares, referência mundial em alfabetização 

Amália Emília Franco 

Nascida em Resende, no Rio de Janeiro, em 1853, concluiu ainda jovem o magistério e, apesar de ter sido aprovada em um concurso público em uma grande cidade, optou por continuar no interior.  

Na época, os filhos de escravizadas eram expulsos das fazendas onde viviam por não darem retorno financeiro aos fazendeiros após a Lei do Ventre Livre. Sua primeira missão foi acolher esses jovens em um local alugado por ela e que foi chamado de Casa Maternal. Anos depois, Amália acabou sendo expulsa de lá e optou por ir morar em São Paulo, onde criou uma escola pública e um abrigo para crianças. Ao longo de sua vida, foi a responsável pela criação de mais de 70 instituições de ensino para meninos e meninas.  

Leia mais: bell hooks e o incentivo à pedagogia engajada 

Anne Sullivan  

Ela não é brasileira, mas se tornou uma grande inspiração para a nossa educação, especialmente quanto à inclusão e à acessibilidade. Anne Sullivan foi uma educadora americana que se graduou em 1886 no Instituto Perkins para Cegos. Ela tinha baixa visão, que acabou sendo parcialmente recuperada após diversas operações.  

A certa altura, Sullivan ficou responsável pela educação de Helen Keller, uma menina de sete anos que era cega e surda. Para isso, Sullivan decidiu relacionar palavras e objetos, escrevendo as letras na palma da mão de sua aluna. Ao ensinar a palavra “água”, por exemplo, ela escrevia A-G-U-A em uma das mãos de Helen enquanto deixava o líquido escorrer na outra. Com o tempo, a menina aprendeu a ler alfabeto em relevo e a se comunicar utilizando a língua de sinais americana. Helen se tornou, posteriormente, a primeira pessoa surdocega a concluir uma graduação, ao obter o título de bacharela em Filosofia.  

Antonieta de Barros 

Em 1934, Antonieta de Barros se tornou uma das primeiras mulheres a serem eleitas no Brasil – e a primeira negra –, ocupando o cargo de deputada estadual em Santa Catarina. Considerava que a educação poderia ser um instrumento para a emancipação feminina. Por isso, era favorável à oferta do ensino para todas as pessoas.  

Aos 17 anos, Barros criou um curso de alfabetização para adultos em vulnerabilidade social. Aliás: o Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, só se tornou feriado nacional em virtude de um projeto de lei de Antonieta de Barros.   

Leia mais: Professora busca ampliar oportunidade de ensino no Capão Redondo 

Emilia Ferreiro 

A argentina é considerada uma referência latino-americana em Educação Infantil. Graduada em Psicologia, em Buenos Aires, fez doutorado em Genebra, sob orientação de Jean Piaget – um dos pais da psicologia da educação. O foco dela era o desenvolvimento cognitivo infantil.  

Seguindo a ideia de epistemologia genética do mestre, Ferreiro elaborou teses sobre os mecanismos congênitos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita nas crianças. Sua ideia mais revolucionária é a de que já existe um conhecimento prévio nos alunos antes mesmo de iniciarem o processo de alfabetização, utilizando a escrita de forma adaptada à linguagem que conhecem.  

Nísia Floresta 

Dionísia Gonçalves, conhecida pelo pseudônimo Nísia Floresta, nasceu em 1810, no Rio Grande do Norte. Aos 28 anos, fundou o Colégio Augusto, onde, diferentemente da maioria das instituições de ensino da época, não ministrava disciplinas como costura e boas maneiras, mas de ciências naturais, sociais, dança, música, língua portuguesa, francês e italiano.  

Ao longo de sua vida, escreveu 14 obras defendendo os direitos das mulheres, dos indígenas e dos escravizados. Também atuou como jornalista e, em seus artigos, defendia a educação feminina como instrumento de emancipação.  

Leia mais: Dia internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências: qual é o papel da escola? 


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