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Prática docente

Como adotar práticas antirracistas em sala de aula

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PAULO CÉSAR TEIXEIRA
11/11/2022

Falar de história e cultura afro-brasileira em sala de aula não é só uma questão para 20 de novembro, dia da Consciência Negra – mais do que isso, é uma obrigação prevista na Lei 10.639/03. Num país marcado pela desigualdade como o Brasil, introduzir práticas antirracistas no ambiente escolar pode ser uma poderosa ferramenta na luta contra a discriminação étnico-racial. Mas como fazer isso?

Uma das primeiras providências é tomar cuidado com as palavras, uma vez que a linguagem que usamos no dia a dia está recheada de termos racistas. Exemplos? Verbos como “denegrir” ou expressões como “cabelo ruim” reforçam de modo inconsciente o preconceito por meio do uso da linguagem. Por falar nisso, vale a pena discutir com os alunos a relatividade dos padrões estéticos, mostrando a eles que essas avaliações mudam de acordo com a cultura na qual estamos inseridos.

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Não custa lembrar que, assim como as palavras, também os traços físicos de pessoas negras são usados de modo pejorativo para perpetuar a violência contra elas. Podemos falar não só de cabelos e penteados, mas também de roupas e adornos que expressam o orgulho negro. E discutir as diferentes expressões artísticas que promovem a identidade negra, como a música e a dança, para citar dois exemplos.

Talvez seja oportuno indicar autores literários que celebrem o protagonismo da população negra. Há muitos de excelente qualidade, basta pesquisar na internet para encontrá-los. Outro ponto crítico é trabalhar o preconceito em relação às religiões de origem africana, salientando que a liberdade de credo é um dos pilares da vida em sociedade.

Em todos esses casos, o importante é trabalhar planos de aula que apresentem as populações negras de forma positiva e, com isso, desconstruam o racismo.

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Neste sentido, pode-se citar exemplos de personalidades que desempenham ou desempenharam papel relevante na sociedade, seja na política, no esporte ou nas artes. É o caso de personagens históricos como Zumbi e Dandara, que lideraram o Quilombo de Palmares, refúgio de escravos fugitivos de engenhos do Nordeste nos séculos VI e VII, que ocupava uma área quase do tamanho de Portugal.

Há outras figuras menos conhecidas como Francisco José do Nascimento, o “Dragão do Mar”, que ajudou o Ceará a se transformar no primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão, em 1884. Ou Tereza de Benguela, que governou o Quilombo do Piolho, no Mato Grosso, usando um sistema de parlamento bastante avançado para sua época. Mais do que heróis negros, são heróis brasileiros.

Nada disso vai fazer efeito se o professor ou a professora não estiverem capacitados a promover uma educação antirracista na sala de aula. Afinal, são décadas e décadas de discriminação impregnada na sociedade.

Os professores podem não ter tido acesso a esse conhecimento, o que vai tornar necessário pesquisar epistemologias diferentes daquelas que lhe foram apresentadas até hoje. Ou até incluir o tema em seminários ou treinamentos. Em última instância, o objetivo é fazer com que educadores e educadoras possam dar sua parcela de contribuição para que sejamos cada vez mais antirracistas, o que – sem dúvida – vai nos tornar seres humanos melhores.

Leia mais: Na Bett Brasil, educadores propõem escola mais inclusiva


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