O que é cultura digital. E como ela se aplica à escola
ANA CAROLINA STOBBE 25/08/2022
Sete em cada dez crianças brasileiras ganham seu primeiro tablet ou smartphone antes do seu décimo aniversário. Além disso, mais da metade das crianças possuem contas em redes sociais, segundo o estudo “Crianças Digitais” realizado pela Kaspersky em parceria com a consultoria CORPA. Nesse cenário, a educação para as mídias se torna cada vez mais necessária.
Felizmente, o Ministério da Educação (MEC) já percebeu isso: a cultura digital é, atualmente, uma das dez competências gerais da nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Além disso, temáticas voltadas à computação precisarão ser trabalhadas dentro da Educação Básica.
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Cidadania digital
Cientes de que as tecnologias estão cada vez mais presentes no cotidiano, especialistas falam na necessidade de exercitar a cidadania digital.
Segundo a diretora de aprendizado digital Nyree Copeland-Whyte, o treinamento em cidadania digital ajuda os alunos a entender mais do que um simples conjunto de habilidades tecnológicas: os ajuda a se tornarem mais seguros e responsáveis quando estão online, além de ajudá-los a analisar os riscos e problemas que podem derivar do próprio engajamento digital.
Em artigo publicado no portal eSchool News, o diretor da New Life Academy of Woodbury, Dan Palkki, chama atenção para a necessidade de uma educação em cidadania digital contínua. “Os educadores devem ter uma visão de longo prazo e devem entender que o treinamento eficaz da cidadania digital acontece ao longo de anos, não de dias”, afirma. “Nunca é tarde para implementar essas iniciativas, mas o maior erro de uma escola é ignorá-las”.
Conheça algumas iniciativas brasileiras
Dia D para a cultura digital – No Espírito Santo, a Secretaria de Educação criou o “Dia D + Tecnologia”. Neste dia, as unidades de educação realizam atividades voltadas a tecnologias já desenvolvidas ou em desenvolvimento. As ações envolveram diversas disciplinas e variaram de escola para escola.
Na Escola Estadual Antônio Carneiro Ribeiro, por exemplo, o professor de Geografia pôde ensinar sobre mapas com o auxílio do Google Maps. Enquanto isso, no município de Cachoeiro de Itapemirim, a professora Gisely Costa explorou um quiz para o ensino de progressão aritmética.
As mídias sociais também fizeram parte do evento. Foi o caso do professor de Língua Portuguesa e Inglesa, Bruno Henrique Castro de Souza, que explorou o formato “post” trabalhando epilinguagem com o auxílio da plataforma Instagram.
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Escolab: uma nova forma de ensinar – Em 2016, a Prefeitura Municipal de Salvador anunciou um novo projeto em parceria com o Google para a criação das Escolas Laboratório (Escolabs). No mesmo ano, a primeira unidade foi inaugurada no bairro de Coutos. A ideia é que os estudantes de diversas escolas municipais frequentem as Escolabs no contraturno.
Em cada uma das unidades, são oferecidas práticas esportivas, experimentação científica, artística, jogos de raciocínio lógico, de linguagem e cultura global. Sempre com o apoio da tecnologia. Até mesmo um museu foi inaugurado na unidade de Coutos.
Cultura digital na periferia – Fica na favela da Rocinha, que é considerada a maior do Brasil, a Escola André Urani – que, desde 2013, busca oferecer mais oportunidades aos estudantes. Isso aconteceu após o ingresso da instituição fluminense no programa Inova Escola, da Fundação Telefônica Vivo, cujo objetivo é unir tecnologia e comunicação com o ensino.
Os projetos são diversos. A árvore de livros, por exemplo, é um acervo digital que pode ser acessado por todos os estudantes. Além disso, um software oferece planos de estudo personalizados. No Google Classroom, os professores auxiliam a tirar dúvidas. Além disso, as redes sociais da escola são alimentadas pelos próprios alunos.
Esse formato permite o ensino da cultura digital aliado a conteúdos de sala de aula. É o caso do projeto Africanidades, em que os educandos foram convidados a pesquisar sobre cultura e história negra para realizar trabalhos voltados a diferentes mídias.
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