Estudantes têm pouco interesse pelas “profissões do futuro”
ANA CAROLINA STOBBE 26/08/2022
Trabalhos em campos relacionados a STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) devem crescer duas vezes mais do que em outras áreas. Ter uma graduação em engenharia e arquitetura, por exemplo, possibilita um retorno salarial 35% maior do que em outras ocupações, segundo o estudo “STEM Classification in the Formal Labor Market in Brazil”, realizado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo).
Mas acontece que os estudantes nem sempre se interessam pelas “profissões do futuro” – aquelas em alta no mercado e tão valorizadas. Claro, a falta de conhecimento sobre o mundo do trabalho pode ser um fator impulsionador disso. “Eles não sabiam que poderiam ou deveriam ir para essas áreas”, disse Edson Barton, CEO da empresa de orientação profissional YouScience, em artigo publicado pela Education Week.
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Segundo uma pesquisa da YouScience, realizada com estudantes americanos, os participantes possuem:
- Aproximadamente cinco vezes mais aptidão para carreiras relacionadas à energia do que interesse nessa área;
- Mais de três vezes mais aptidão do que interesse por trabalhos com tecnologia de ponta;
- Acima de duas vezes mais aptidão por TI do que interesse;
- Quase duas vezes mais aptidão do que interesse por profissões voltadas à saúde.
Vagas vazias nas profissões do futuro
A área de TI é uma das que podem sofrer. Uma pesquisa da Brasscom, entidade representativa das empresas brasileiras do setor, mostrou que o mercado de trabalho vai demandar 797 mil profissionais de TI até 2025 – são mais de 200 mil vagas por ano. Até lá, existirão muito mais posições do que pessoas capacitadas para ocupá-las.
Para preencher as lacunas entre aptidão e interesse, fazendo com que os jovens sejam melhor direcionados a atuarem naquilo que são bons – e para que avaliem se faz sentido para eles –, a YouScience recomenda que formuladores de políticas, educadores e pais ajudem os alunos a encontrar seu “porquê”. Desse modo, a educação pode tornar-se, também, mais significativa.
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“Sem compreender quais oportunidades existem, os jovens escolhem aquelas que lhes parecem mais familiar. Se você perguntar a alguém quais são as profissões na área de cuidado em saúde, dirão médicos e enfermeiros. Provavelmente, a resposta não será “uma equipe de TI”, por mais que essa seja uma função importante em um hospital”, diz o vice-presidente da ONG Jobs for the Future, Kyle Hartung.
A ideia de que os estudantes devem ter contato com diferentes profissões desde cedo para a escolha da carreira é apoiada por diferentes especialistas. Cindy Schluckebier, da DeBruce Foundation, é uma delas. “É importante que os jovens explorem diferentes caminhos, mas não os pressionar a darem uma resposta final e definitiva sobre sua escolha”, avalia.
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