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Gestão escolar

Semana de quatro dias cresce entre escolas americanas

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LEONARDO PUJOL
26/07/2022

Depois de adotar estilos flexíveis durante a pandemia, algumas empresas anunciaram uma semana mais curta de trabalho. Impulsionadas pelos novos arranjos trabalhistas, pela preocupação com o esgotamento mental e a capacitação dos funcionários em um mercado cada vez mais competitivo, a semana que antes tinha cinco dias úteis passou a ter quatro.  

Agora, além da crescente popularização do modelo em determinadas indústrias e empresas de tecnologia, a semana de quatro dias está chegando também a um número maior de escolas americanas. Distritos escolares de várias regiões do EUA anunciaram planos para adotar a semana letiva de quatro dias a partir do outono – entre agosto e setembro de 2022. É quando começa o próximo ano letivo (diferentemente do Brasil, as férias de inverno no hemisfério norte ocorrem durante as festas de Natal e Ano Novo, com aulas sendo retomadas em janeiro para terminar entre maio e junho).

A semana de quatro dias na escola não é necessariamente novidade nos EUA. Cerca de 660 instituições de ensino, de 24 estados americanos, adotavam quatro dias de aula por semana antes da pandemia, de acordo com uma estimativa da Brookings Institutions. O número é seis vezes maior em relação a 1999.

Uma reportagem da Época Negócios explicou que o objetivo era economizar com contas operacionais, como o sistema de aquecimento ou o transporte, bem como com salários de funcionários administrativos e zeladores. Outra motivação foi a demanda dos professores por mais tempo para planejar e preparar as aulas, o que geralmente era feito no fim de semana. A novidade, segundo o site EdSurge, é que a semana de quatro dias também virou estratégia para atrair e reter professores. Após o baque da pandemia, e o número crescente de casos de burnout, os docentes passaram a buscar maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

Leia mais: Burnout: é hora de levar o esgotamento dos professores a sério

A One City Schools, que atende alunos de Wisconsin da pré-escola à quarta série, é uma das instituições que vão adotar a abordagem. Mas de maneira diferente. Os professores terão uma semana com quatro dias de trabalho, mas os alunos continuarão indo cinco vezes por semana à escola. É um modelo que atenta ao impacto de uma semana mais curta no aprendizado do aluno e as lacunas que poderiam surgir no cuidado infantil.

As professoras Ciera Carey e Lyndsey Standage, que fizeram uma classe-piloto de quatro dias em uma turma da terceira série da One City Schools, dizem que a mudança foi intimidadora no início, mas que funcionou bem. Carey tem folga às sextas-feiras e Standage às terças-feiras.

“Eu definitivamente sinto que isso aliviou o esgotamento”, disse Carey ao Edsurge. “Ter esse dia para recarregar as baterias e poder se colocar em primeiro lugar é muito bom.”

“Nos dias em que não estamos lá, os alunos ainda estão em sua rotação escolar normal”, acrescentou Standage. “Toda a equipe de professores se reveza para ensinar as crianças e realizar as tarefas diárias. Para eles, o aprendizado nunca para.”

Leia mais: Professores trocam experiências em busca de ensino qualificado

O diretor da One City Schools, Devon Davis, acredita que a semana na qual professores e alunos têm aulas quatro dias por semana na escola poderia prejudicar o desempenho dos estudantes. Antes de adotar a nova abordagem, Davis examinou as pesquisas disponíveis e concluiu que os alunos deveriam continuar indo cinco vezes por semana à escola.

Um estudo, divulgado na Economics of Education Review de fevereiro, analisou como o número de dias e o total de horas que os alunos passam na escola a cada semana afeta suas pontuações nos testes de matemática e inglês. O estudo avaliou os resultados para alunos do terceiro ao quinto ano em 12 estados americanos durante um período de 10 anos para contextualizar os resultados nacionalmente. Os distritos escolares foram divididos em três grupos com base no número médio de horas semanais que os alunos passaram em sala de aula – alta, média e baixa.

O que eles descobriram foi que uma semana escolar de quatro dias não parecia ter um impacto negativo no desempenho dos alunos nos distritos “médio” e “alto”, onde os alunos, respectivamente, passavam uma média de 31 e 32 horas na escola por semana. No entanto, eles viram o desempenho em matemática e inglês cair em distritos “baixos”, onde os alunos recebiam cerca de 30 horas semanais de aula em média.

“[Nossos] resultados sugerem que dar tempo de instrução adequado em conjunto com a semana escolar de quatro dias deve ser o foco principal dos formuladores de políticas interessados ​​em adotar esses horários da semana escolar de quatro dias”, escrevem os pesquisadores.

Leia mais: Lourdes Atie: “O mundo mudou – e a escola precisa mudar também”


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