Como derrotar os cinco inimigos do engajamento em sala de aula
ANA CAROLINA STOBBE
19/04/2022
Em uma sala de aula, existem alunos com diferentes características e, consequentemente, distintos desejos e necessidades. Por isso, manter todos os alunos engajados é um desafio para todos os professores. Manter os estudantes estimulados é muito importante, a tal ponto que diversas metodologias de ensino se baseiam nesse princípio.
O desengajamento, por outro lado, tem diferentes causas. A boa notícia é que existem soluções para o problema. É o que revela Cinco Caminhos para o Engajamento – Rumo ao Aprendizado e ao Sucesso Estudante, livro da série Desafios da Educação, publicada pela editora Penso no início de 2022. No capítulo 4 da obra, os autores Dennis Shirley e Andy Hargreaves explicam quais são os principais inimigos do engajamento e apontam os caminhos para combatê-los.
1. Desencantamento
Durante os primeiros anos na escola, as crianças encontram um ambiente acolhedor, que lhes proporciona afeto e atividades lúdicas. Entretanto, o que era divertido rapidamente se torna desestimulante, à medida que surgem testes, padrões e burocracias. Até mesmo o sociólogo Max Weber, entusiasta da burocracia, acredita que ela pode transformar instituições em “gaiolas de ferro”.
Para devolver o encanto, o método de avaliações deve ser contínuo – e não pontual como os testes. Além disso, a criatividade e a inovação são aliadas para romper a burocracia e a padronização. Uma das metodologias que contribuem para isso é a Aprendizagem Baseada em Projetos.
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2. Desconexão
O desengajamento acontece quando os alunos se sentem distantes ou alienados da escola. Isso pode acontecer, por exemplo, quando o conteúdo é abordado de uma forma que não estabelece conexão com a realidade dos estudantes. Com isso, eles não conseguem ver sentido e nem utilidade nas atividades escolares.
A forma ideal de combater esse problema é contribuir para a produção de um conhecimento pensado para o mundo real. Também deve ser estimulada a cooperação entre os alunos. Paulo Freire deve ser lembrado, neste sentido, pois o pedagogo defendia uma aula pensada em conjunto com os estudantes, visando uma conexão real com as suas realidades.
3. Dissociação
A dissociação tem relação com o sentimento de anomia e, em casos mais extremos, com o próprio narcisismo. Na escola, isso acontece, por exemplo, quando as atividades promovem uma autoestima excessiva. Os estudantes narcisistas solicitam um entretenimento constante e podem questionar os professores quando tiram notas abaixo do que esperavam.
O antídoto para esses casos pode ser o feedback relevante na devolução de trabalhos que não alcançaram as expectativas ou, até mesmo, o incentivo à autodisciplina, perseverança e trabalho em equipe. Para o sociólogo Émille Durkheim, a educação moral era o meio ideal para evitar a anomia.
4. Desempoderamento
Quando os alunos não têm voz para tomar decisões e os professores tendem a ser autoritários, os estudantes podem se sentir desempoderados e, consequentemente, desengajados. Por isso, é importante existir um meio termo no qual ambas as partes sejam ouvidas. Estimular os alunos para que se manifestem e façam suas escolhas, desde as séries inicias, é uma forma também de incentivar que assumam suas responsabilidades.
5. Distração
Talvez a forma de desengajamento mais perceptível nestes tempos permeados por tecnologias, a distração acontece quando a atenção é facilmente desviada. Entretanto, não basta apenas proibir o uso de celulares em sala de aula: é importante buscar conteúdos e modelos didáticos motivantes. Afinal, aviõezinhos de papel também são uma forma de distração e servem de alerta para que se busque engajar cada vez mais os estudantes.
CINCO CAMINHOS PARA O ENGAJAMENTO, por Dennis Shirley e Andy Hargreaves (tradução de Luís Fernando Marques Dorvillé; revisão de Gustavo Severo de Borba)
Editora: Penso
Ano: 2022
Número de páginas: 262
Preço: R$ 85,50 / E-book: 53,20