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Prática docente

FAQ: como funciona a sala de aula invertida

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LILIANE MOURA 
03/06/2022

Mais de dois anos depois da disrupção provocada pela pandemia, nunca se falou tanto em metodologias ativas na educação. Nelas, o aluno assume uma postura participativa no qual resolve problemas, além de desenvolver projetos que promovam a construção do conhecimento e a integração com tecnologias em sala de aula.

Aprender em um contexto ativo é muito mais eficiente do que as tradicionais aulas expositivas, centradas na “palestra” do professor, visto como detentor do conhecimento. O resultado é um engajamento maior dos alunos, uma aprendizagem mais profunda e o desenvolvimento de habilidades como criatividade e autonomia. A escola passa a formar aprendizes em vez de meros estudantes.

Das muitas estratégias pedagógicas para o aprendizado ativo, destaca-se a sala de aula invertida – também conhecida pelo termo em inglês flipped classroom. A seguir, confira as principais perguntas e respostas sobre a metodologia – e as vantagens de aplicá-la na escola.

O que é sala de aula invertida?

Como sugere o nome, trata-se de uma metodologia de ensino que inverte o processo tradicional de ensino e aprendizagem. Em vez de transmitir o conteúdo em sala de aula e designar o aluno a realizar atividades como “tema de casa”, o professor incentiva o aluno a estudar previamente, em casa, a partir do material disponibilizado – videoaulas, podcasts, textos, imagens e apresentações. Os alunos também são incentivados a realizarem pesquisas por conta própria para aprofundar os próprios conhecimentos. Depois disso, em sala de aula, o professor promove um debate entre os estudantes. A ideia é trocar informações e tirar dúvidas quanto ao tema proposto. Depois, em pequenos grupos, os estudantes podem realizar atividades como resolver um problema, elaborar uma experiência ou criar algo a partir da aprendizagem adquirida.

Leia mais: Como derrotar os cinco inimigos do engajamento em sala de aula

Qual a diferença entre uma aula tradicional e a sala de aula invertida?

Como mencionado acima, em uma aula tradicional expositiva o professor explica o conteúdo na escola e os alunos fazem exercícios e trabalhos em casa. Na sala de aula invertida, os alunos estudam em casa e trabalham o conteúdo em sala de aula. Dessa forma, a sala de aula “torna-se o lugar de aprendizagem ativa, onde há perguntas, discussões e atividades práticas. O professor trabalha as dificuldades dos alunos, em vez de fazer apresentações sobre o conteúdo da disciplina”, como explica o professor José Armando Valente, da Unicamp, em um artigo no livro Metodologias ativas para uma educação inovadora (Penso, 2018).

Quais as vantagens da metodologia?

A abordagem pedagógica incentiva o desenvolvimento de habilidades como autonomia, criatividade, senso crítico e trabalho em equipe – competências cada vez mais valorizadas no século 21. A sala de aula invertida também respeita o ritmo de cada aluno – já que ele pode pesquisar e revisar o conteúdo em casa quantas vezes achar necessário, antes de fazer as atividades em sala de aula.

O que não pode faltar na sala de aula invertida?

De acordo com o relatório Flipped Clasroom Field Guide, produzido por pesquisadores da Weber State University, algumas regrinhas básicas para a metodologia incluem:

  • As atividades em sala de aula devem envolver uma quantidade significativa de questionamento, resolução de problemas e de outras atividades de aprendizagem ativa, obrigando o aluno a recuperar, aplicar e ampliar o material aprendido on-line;
  • Os alunos devem receber feedback imediatamente após a realização de atividades presenciais;
  • Os alunos devem ser incentivados a participar das atividades on-line e das presenciais, sendo que elas são computadas na avaliação formal do aluno. Ou seja, valem nota;
  • Tanto o material a ser utilizado on-line quanto os ambientes de aprendizagem em sala de aula devem ser altamente estruturados e bem-planejados.

Leia mais: Não seja um professor ‘spam’. Seja influenciador

Como aplicar a sala de aula invertida?

Tudo começa com planejamento. Qual será o assunto abordado, o que os alunos devem aprender, quais as atividades propostas e em qual prazo devem estar concluídas, condições de infraestrutura e tempo disponível em classe. Também é fundamental ao educador estar de olhos e ouvidos abertos para escutar o que os estudantes têm a dizer. Sugestões, críticas, opiniões e questionamentos devem ter boa receptividade a fim de apontar novos caminhos para as atividades propostas. Esse “feedback invertido” pode identificar problemas que o professor não vê e indicar temáticas que sejam de maior interesse dos alunos, aumentando o engajamento. Além disso, o professor deve orientar os estudantes sobre como realizar pesquisas em fontes confiáveis de informação. Por fim, lembre-se: apesar de imprescindível, o plano do professor deve ser maleável, adaptável de acordo com o progresso da turma.

Como a sala de aula invertida se aplica no contexto pós-pandemia?

Uma pesquisa realizada pelo EdWeek Research Center, em dezembro de 2021, com 630 professores americanos sobre o retorno presencial dos alunos nas escolas, identificou que o baixo engajamento dos estudantes é o principal desafio a ser superado, segundo os educadores (68%). Daí a relevância da sala de aula invertida, pois ela é um instrumento poderoso para engajar os alunos, sobretudo em sala de aula, não só pelos debates que propõe, mas também pelas atividades “mão na massa” – como resolução de problemas e criação de projetos.

Qual o papel da tecnologia digital neste processo?

Os recursos digitais são ferramentas que potencializam a realização e a qualidade das tarefas. Por exemplo, videoaulas, grupos de WhatsApp e pesquisas nas plataformas de busca aumentam as possibilidades de adquirir, reter e trocar conhecimento.No entanto, ausência de dispositivos digitais, como smartphones e notebooks, não pode ser um impeditivo à sala de aula invertida. Os professores podem disponibilizar matérias no formato analógico, promovendo tarefas com os recursos disponíveis em casa e na escola.

Leia mais: O estímulo ao protagonismo do aluno na escola


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