Diretores menos exigentes, professores menos estressados
ANA CAROLINA STOBBE 02/12/2022
Os professores estão entre as categorias profissionais mais propensas à síndrome de burnout (estresse crônico causado pelo excesso de trabalho). Uma pesquisa realizada pela Nova Escola, em 2021, apontou que três em cada dez educadores brasileiros sofriam de estresse continuado – e mais da metade dos entrevistados relatou ter ansiedade.
A pandemia foi a principal razão para o aumento do burnout. Mas não a única. É o que constatou um estudo recente realizado em 20 países, e publicado na Frontiers in Psychology. Nele, os pesquisadores sugeriram que as abordagens de liderança e gerenciamento dos diretores afetaram significativamente a capacidade dos professores em lidar com o processo de adequação às mudanças e aos desafios da sala de aula.
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“Há indícios de que, quando os diretores escolares contribuem para um clima favorável e evitam práticas exigentes, os professores sofrem menos de estresse e esgotamento”, afirmam os responsáveis pelo estudo – liderado por Andrea Westphal, da Interdisciplinary Research on Teaching, Learning and School. Na época do ensino remoto, por exemplo, quando os educadores possuíam mais autonomia, também tinham uma mente mais saudável.
A solução para essa questão passa pela combinação de estratégias de manejo de estresse com treinamentos voltados à prática docente. Mas os diretores também “precisam ser conscientes na comunicação sobre burnout e autocuidado com suas equipes”, avaliou Danna Thomas, fundadora da Happy Teacher Revolution, organização americana voltada ao suporte aos professores.
Danna percebe, por exemplo, que muitos gestores enviam e-mails pedindo aos colaboradores que leiam artigos sobre bem-estar, mas em seguida aumentam as cobranças. “Esse tipo de mensagem leva ainda mais à animosidade e à angústia. O material enviado pode ser ótimo, mas quantas pessoas realmente vão levá-lo a sério quando estão repletos de prazos?”, questiona.
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A saída encontrada por Corey Basmajian, diretor da Francis Scott Key Elementary-Middle School, em Baltimore (EUA), foi olhar para as necessidades da equipe. Em primeiro lugar, deixou que os profissionais escolhessem as capacitações que quisessem. Depois, diminuiu o número de reuniões com os professores.
“É claro que perdemos algumas coisas por não termos tantos encontros, mas mantivemos os colaboradores. E, o mais importante, nenhum deles abandonou a docência”, afirmou ao blog EdWeek.
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