Os segredos para desenvolver o pensamento analítico na escola
LILIANE MOURA 21/06/2022
“Penso, logo existo.” A célebre reflexão de René Descartes (1596-1650) sintetiza a importância de uma habilidade socioemocional que, mesmo quatro séculos depois, segue em evidência: o pensamento analítico. Prova disso está no mais recente estudo The Future of Jobs, que projeta a soft skill como a mais valorizada pelo mercado de trabalho em 2025.
Não é difícil entender o porquê. Ser capaz de analisar e compreender uma realidade é o passo básico para identificar e solucionar um problema. Se uma soft skill tem tanta força, seu desenvolvimento precisa começar o mais cedo possível. E a escola tem papel fundamental neste processo.
Muito além da vida profissional
Pessoas com pensamento analítico apurado têm maiores níveis de empregabilidade e mais chances de obter salários mais altos, conforme um estudo da McKinsey publicado em 2021. Mas qualquer estudante pode, e deve, ser beneficiado por uma soft skill que otimiza o processo de ensino-aprendizagem ao envolver a busca da informação em diferentes fontes.
Com isso, os alunos tornam-se capazes de filtrar e analisar com mais assertividade tudo que consomem, levando à construção autônoma do conhecimento e ao desenvolvimento de uma visão mais crítica da realidade.
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Tudo isso graças ao cérebro– que, apesar de ser uma “máquina” poderosa, é limitado. Por isso, ele simplifica o processamento de acúmulo de informação através de um atalho. Trata-se do chamado viés cognitivo, que faz com que o ser humano analise a realidade com base em experiências pessoais, memória e preconceitos. Assim, aumentam as chances de cometer um equívoco a partir de uma visão rasa sobre determinado assunto.
É justamente nesse contexto que chama atenção o pensamento analítico e a autocrítica. As duas habilidades ajudam o indivíduo a refletir sobre o que é verdade, bem como a reavaliar crenças e opiniões.
A boa notícia é que é possível desenvolver pensamento analítico por meio de treinamento em sala de aula. Para tanto, os professores podem adotar algumas estratégias, em especial:
Estímulo da observação
Os alunos devem ser incentivados a observar e analisar criticamente o ambiente e a realidade em que estão inseridos para aprenderem com as situações vividas ou presenciadas.
Estímulo da troca de conhecimentos
Fazer perguntas ajuda a esclarecer dúvidas e a refletir, além de possibilitar o contato com diferentes pontos de vista – o que facilita o alcance um retrato mais fiel da realidade. O hábito pode ser desenvolvido por meio de debates com a participação de alunos, professores e até de pessoas relacionadas à pauta em questão, a fim de qualificar a conversa. A atividade também pode ter o apoio de materiais como livros, podcasts, filmes e artigos.
Atividades extracurriculares
Para adquirir novas habilidades, o cérebro precisa ser estimulado. Isso pode ocorrer por meio de atividades como aulas de teatro e idiomas, prática de esportes e tocar instrumentos musicais. Ler notícias, colunas, artigos, newsletters, livros (de preferência em papel) e outros materiais também é uma alternativa útil, tanto para a retenção de conhecimentos quanto para a ampliação da visão de mundo – o que resultará em maior senso crítico.
Aceitação do erro
Um dos grandes entraves para a aprendizagem é o medo de errar. Muitas vezes, isso acontece motivado pela possibilidade de sofrer consequências desagradáveis, como decepcionar os pais ou ser alvo de bullying. Mas o erro faz parte do processo, e o docente deve enfatizar isso aos alunos, ao mesmo tempo em que os estimula a buscarem novas soluções para quaisquer problemas apresentados.
Leia mais: É brincando que se aprende
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