Em breve, ideia de que “qualquer pessoa pode ser professor” será coisa do passado
KARINA NONES TOMELIN
21/02/2022
Há algumas semanas, participei de um evento on-line que explorou os novos conceitos que envolvem a carreira de professor. Acabei refletindo bastante sobre o conteúdo do evento e gostaria de trazer parte dessa reflexão pra cá.
Acredito, cada vez mais, que a docência será reconhecida como uma profissão. Algo na linha do que oferece a Psicologia, o Direito, a Fisioterapia, a Medicina – áreas que possuem uma linguagem própria, técnico-científica, dominada somente pelos profissionais da área. Ou seja, falar sobre os processos de ensino e aprendizagem, em breve, será para quem de fato domina suas teorias e conceitos.
Em breve, os recursos e metodologias, bem como as tecnologias, serão próprias da área docente e de responsabilidade de quem atua nela. Para utilizá-las, os professores terão não somente domínio técnico e “instrumental” como também a capacidade de reconhecer e interpretar tais recursos para administrá-los a partir de uma intencionalidade pedagógica e com objetivos muito bem definidos.
Será um novo tempo. Nele, mais do que domínio técnico, conhecimento ou conteúdo sobre o objeto da aprendizagem em si, o professor dominará as práticas que envolvem o ensinar e o aprender. Tudo isto exigirá grande energia para promover o próprio autodesenvolvimento. Já estamos vivendo isto.
O novo paradigma também modificará os cursos de licenciaturas, que lançaram esforços no desenvolvimento de competências digitais, metodológicas, analíticas e socioemocionais – para que seus egressos estejam aptos a dominar a ciência do aprendizado e todos os recursos nela envolvidos.
Acredito que todo este esforço não será em vão. No futuro, creio que os profissionais da docência serão muito mais reconhecidos e requisitados. Muito se ouve por aí que “qualquer pessoa pode ser professor”. Isso será coisa do passado. Quem desejar esta carreira precisará desenvolver e se aprofundar na profissão compreendendo seu papel, seu objetivo, avaliando constantemente o seu fazer para conseguir resultados cada vez mais efetivos.
Abaixo, listo outros conceitos que envolvem o novo papel do professor.
Engenheiro da Aprendizagem: O engenheiro constrói, a partir do seu olhar técnico, um arranjo de possibilidades para solucionar problemas de aprendizagem, potencializar os processos cognitivos e garantir melhores resultados. Ele desenhará modelos, projetos, recursos, tecnologias. Dominará e ajudará a desenvolver ferramentas cujo foco seja promover a melhora da aprendizagem.
Arquiteto do saber: O arquiteto busca a personalização. A partir dela, desenvolve uma intencionalidade no processo pedagógico. Ele constrói junto como os alunos, observando o perfil de cada um. Os recursos e metodologias de aprendizagem são customizados atribuindo sentido e eficiência de esforço e recursos.
Designer de experiências: Este colocará a mão na massa e vai propor esse movimento com seus alunos. O designer favorecerá a criação, a experimentação por meio de vivências, da construção e produção da aprendizagem de maneira prática e visível.
Autônomo Autoral: O Autônomo é independente. Cria seus próprios objetos de aprendizagem. Conhecerá diferentes recursos para produzir sua linguagem midiática, seu portfólio de estratégias, seus materiais de aprendizagem.
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SOBRE A AUTORA
Karina Nones Tomelin é psicóloga, pedagoga e autora do livro 100 ideias inspiradoras para sua aula (editora Livramento, 2021).