Qual é o seu plano para engajar os alunos?
REDAÇÃO RHYZOS EDUCAÇÃO
01/04/2022
Qualquer pessoa que frequentou uma sala de aula sabe que um professor não evolui sem engajar os alunos no processo de aprendizagem. Isso não era tarefa simples antes da pandemia. Depois de quase dois anos de ensino remoto, motivação, engajamento e envolvimento entre os alunos se tornou um desafio ainda maior. É o que mostra um levantamento divulgado em fevereiro de 2022 pelo Instituto Ayrton Senna.
Dos 620 educadores entrevistados, 90% sentem dificuldade para motivar os alunos. Os professores reconhecem a importância do engajamento, mas ainda não conseguem transformar esse conhecimento em algo mais tangível. O que pode ter a ver com a formação docente inicial ou continuada: 71% dos educadores não tiveram contato com o assunto ao longo da jornada profissional.
Mas estamos em abril e você, educador, já está em sala de aula. Qual é o seu plano engajar os alunos?
Um bom primeiro passo pode ser a avaliação diagnóstica. Ela serve tanto para descobrir os interesses do alunado – o que gostam de fazer, quais programas de TV assistem, quais redes sociais usam etc. – quanto para nivelar o conhecimento, conforme indicado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Desde 2020, a entidade tem recomendado às escolas a realização de avaliações diagnósticas para “identificar os níveis de aprendizagem dos estudantes e, a partir disso, estabelecer intervenções”, segundo um documento do CNE. Para o professor, a ideia é compreender os resultados da avaliação e considerá-los nos planos de aula.
“O uso de evidência é indispensável para orientar o trabalho do professor, recompor as aprendizagens pelo aluno e até mesmo promover o reencantamento da escola, especialmente com os estudantes mais velhos. Eles perderam o vínculo com a rotina escolar durante a pandemia. Precisamos reengajá-los”, defendeu Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do CNE, em entrevista recente ao Portal Rhyzos.
A caminho do engajamento
Depois que o professor conhece seu aluno, fica muito mais fácil promover atividades para envolvê-lo de maneira ativa. “Precisamos entender a relação do engajamento com as práticas escolares que já existem, para que possamos fazer uma transposição entre o científico e a escola”, afirma Mozart Neves Ramos, vice-presidente do conselho do Instituto Ayrton Senna, no documento Motivação: evidências para promover a aprendizagem.
Estratégias pedagógicas, como gamificação, projetos interdisciplinares e trabalhos em grupo, além de metodologias ativas, como sala de aula invertida e aprendizagem baseada em projetos, proporcionam uma educação mais conectada aos alunos do século 21. As abordagens também podem – e devem – ajudar os alunos a estabelecerem objetivos e metas pessoais, de acordo com Marcos Alexandre de Melo Barros, professor do Centro de Educação da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Já a professora Rafaela Bezerra da Silva lembra que alunos engajados costumam ter forte vínculo com a comunidade escolar. E que o professor é figura-chave nesse processo. Ou seja, a responsabilidade do docente vai bem além do que simplesmente passar conteúdo e fomentar o desenvolvimento de habilidades. “Quando um aluno falta ou tira uma nota baixa, o professor pode demonstrar um olhar afetivo e buscar compreender o porquê daquele resultado”, sugere Rafaela, que leciona para o 5º ano de uma escola da região rural de Glória do Goitá (PE).
Como o acolhimento, outras estratégias podem ser adotadas visando uma classe engajada. Várias dessas estratégias são exploradas no recém-lançado Cinco caminhos para o engajamento: rumo ao aprendizado e ao sucesso do estudante – Série: Desafios da Educação (editora Penso, 2022). No livro, os autores Dennis Shirley e Andy Hargreaves exploram teorias, apresentam exemplos práticos e desfazem mitos relacionados ao engajamento estudantil. Também reúnem as novas evidências que reforçam seu papel. Eles garantem: “O engajamento é a nova fronteira no processo de conquista dos alunos”.
Para avançar na transição, Shirley e Hargreaves defendem a integração de duas perspectivas: a psicológica, que identifica problemas e promove soluções para melhorar a motivação, atenção, foco e interesse em salas de aula convencionais; e a perspectiva sociológica, que levanta questões adicionais que precisam mudar na cultura, no currículo, na estrutura das provas e nas dinâmicas dos sistemas escolares.
Se queremos um mundo melhor, com pessoas devidamente preparadas para os desafios do presente e do futuro, que apresentam bom desempenho e desenvolvam uma sensação de pertencimento com escolas e comunidades, precisamos de forma urgente colocar o engajamento na agenda dos educadores. E aí, qual é o seu plano para engajar os alunos?
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