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Sala de aula eficaz

Reforço e recomposição escolar: essenciais à educação do presente

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RENATA CARDOSO
31/08/2022

Embora as instituições tenham oferecido diversas alternativas para aplacar os efeitos da pandemia na educação, a qualidade e o alcance dessas iniciativas variaram muito. Segundo um estudo da Unicef, o fechamento de escolas afetou consideravelmente a aprendizagem das crianças. “Alunos de São Paulo aprenderam apenas 28% do que teriam aprendido em aulas presenciais, e o risco de evasão mais que triplicou”, diz o documento.

Para 1.308 responsáveis por 1.869 alunos de escolas públicas brasileiras de ensino fundamental e médio, os estudantes retornaram às aulas com “defasagens importantes no aprendizado”. O dado consta em outro levantamento, realizado pelo Datafolha, a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Como consequência, a juventude passou a depender cada vez mais de reforço escolar.

Segundo a pesquisa do Datafolha, apenas 39% estudantes estão matriculados em instituições que oferecem aulas de reforço. Além disso, a oferta não é padronizada e sistematizada entre as escolas.

Nos casos em que há, o reforço escolar é oferecido em diferentes formatos: presencialmente no contraturno da aula regular; por meio de atividades extras no mesmo turno em que a criança está na escola; ou, ainda, em aulas online, no contraturno ou aos sábados.

Leia mais: Qual é o seu plano para engajar os alunos?

Há diversos obstáculos, no entanto, para que iniciativas assim ganhem tração. Alguns deles dizem respeito à organização de tempo, de espaço e de outras estruturas dentro das próprias instituições. Especialmente considerando um cenário em que 4,3 mil escolas públicas não contavam sequer com banheiros em 2020.

No mesmo ano, a internet de banda larga não chegava a 17,2 mil escolas urbanas, o equivalente a 20,5% do total. Além disso, 35,8 mil instituições permanecem sem coleta de esgoto (26,6% do total). Os dados constam em levantamento do Censo Escolar produzido pelo Laboratório de Dados Educacionais (LDE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e divulgado pelo portal G1.

Apontando caminhos                                     

A partir da pandemia, um novo conceito passou a ser utilizado por pesquisadores da área educacional para designar a necessidade de ensino-aprendizagem de conteúdos não assimilados nos últimos dois anos: trata-se da recomposição de aprendizagem.

O conceito pressupõe uma série de elementos que vão muito dos conteúdos. Entram nessa lista o acolhimento, a avaliação diagnóstica, a adaptação de práticas pedagógicas e de materiais didáticos. Tudo isso por tempo indeterminado – pelo menos por enquanto.

Leia mais: Lourdes Atie: “O mundo mudou – e a escola precisa mudar também”


Ariana Britto, da FGV.

“A alternativa que temos é pensar quais são os conteúdos necessários para que esse estudante possa seguir sua trajetória escolar. Não vamos conseguir recuperar tudo, mas precisamos garantir que ele tenha uma jornada escolar de qualidade”, defende Ariana Britto, coordenadora de produção de conhecimento do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (Ceipe/FGV), em entrevista ao Portal Rhyzos.

Pense no professor de matemática que vai ministrar uma aula sobre fração. Ele pode encontrar alunos que não aprenderam os conteúdos necessários para entender o conceito. Se o docente programou duas aulas para fração, provavelmente precisará de três ou quatro. Mesmo assim, não irá conseguir retomar tudo que o estudante deveria ter visto nos últimos anos. A ideia é oferecer a oportunidade de a criança seguir o processo de aprendizagem.

Para tanto, o primeiro passo é entender quais são os conteúdos-chave em cada disciplina, para então adaptar os currículos. Assim, será possível pensar em horas adicionais e em seu melhor aproveitamento.

Outros pontos importantes são a preparação e o acolhimento dos docentes – com cursos de formação continuada, por exemplo – e a integração a uma gestão educacional eficiente e atenta às suas necessidades.

Mudanças de perspectivas não excluem a importância do reforço escolar, uma vez que alguns estudantes, mesmo com a recomposição, não conseguirão acompanhar a turma.

Leia mais: 5 mitos e verdades sobre a educação maker


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