Dia do Professor: homenageados lembram professores marcantes
RHYZOS EDUCAÇÃO 13/10/2022
O próximo sábado (15 de outubro) é Dia do Professor, uma das profissões mais admiradas no mundo. Para este dia de homenagens, convidamos alguns professores para que fizessem um exercício de memória. O objetivo era lembrar um professor ou professora marcante na sua trajetória educacional. A seguir, você confere alguns depoimentos.
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Débora Garofalo, professora da rede municipal de São Paulo, criadora do projeto Robótica com Sucata e atual coordenadora do Centro de Inovação da Educação Básica, da Secretaria da Educação do Estado de SP
“Um educador que impactou minha vida foi o professor Raimundo, que lecionava na Escola Estadual Maestro Callia, em São Paulo, onde tive a oportunidade de estudar desde a Educação Infantil até o oitavo ano. Professor de Matemática, ele tinha um olhar muito aguçado sobre a educação para além do espaço físico da escola, realizando aulas públicas no bairro e também atividades culturais para que a gente pudesse conhecer outras realidades. Minha infância foi muito pobre, e a primeira vez que tive a oportunidade de ir ao cinema foi com o professor Raimundo, em uma de suas aulas estimuladas por atividades culturais. Ele também organizou um cinema dentro da escola, para que mais pessoas pudessem ter acesso à cultura. No ano passado, consegui reencontrar esse professor querido e matar um pouco da saudade!”
Inácio Jordan de Lisboa Silva, professor de estudos culturais na rede municipal de Luzilândia (PI)
“Eu sempre fui um aluno que bagunçava na sala de aula, não ficava quieto na carteira, era uma perturbação só. Mas eu tive uma professora de matemática chamada Milagres. Ela pedia para sentar perto dela, para o caso de necessitar algo. Um dia me pedia um giz, em outro apagador, em outro para abrir o livro em determinada página. Dessa forma, fazia com que eu me sentisse útil e importante na classe – ao mesmo tempo em que eu parava de perturbar a aula. (Depois de adulto, descobri que o que causava meu comportamento era um transtorno de ansiedade generalizado, que hoje eu trato.) Essa estratégia que ela usava comigo, eu acabo usando hoje com meus alunos. Assim, eu não excluo meu aluno da sala de aula, ao mesmo tempo que ele fica ali disposto a ajudar. Todo mundo sai ganhando.”
Lara Rocha, head pedagógica da Rhyzos Educação e mestre em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (FFLCH-USP). Foi professora e Coordenadora Pedagógica da Rede Municipal de São Paulo e do Cursinho Popular Florestan Fernandes.
“Cada dia como professora é uma novidade! Por mais que a aula esteja totalmente preparada, nunca sabemos exatamente como vai ser, e isso nos traz surpresas positivas mas, muitas vezes, desafios enormes. Nesses momentos, busco me inspirar em professoras que tive e que me fizeram ter vontade de estar em sala de aula: Marli e Soraia, professoras de História, e Nieta, professora de Geografia, foram professoras inesquecíveis e transformadoras. Vira e mexe me pego pensando: o que elas fariam? Gostaria de reencontrá-las para contar que, até hoje, sigo tendo-as como referência e sonhando em poder assistir uma aula mágica delas outra vez!”
Bruna Braga de Paula, professora de Matemática nos anos iniciais e que recentemente obteve mestrado profissional em inovação tecnológica na Unifesp com dissertação que investiga cenário da cultura maker em escolas brasileiras
“Me marcou muito um professor de Matemática com quem tive aula no sexto ou sétimo ano, na Escola Estadual Sylvio Marcondes, em Guaratinguetá (SP), chamado Rogério. Ele sempre destacou a importância do conhecimento, afirmando que, independentemente da complexidade da disciplina, era possível aprender, e não apenas memorizar – como no caso da tabuada, por exemplo. O professor Rogério passava calma e tranquilidade para os alunos, acreditando que todos eram capazes de aprender aqueles cálculos. Hoje sou professora de Matemática também, e ele certamente influenciou nessa escolha.”
Tatiana Venancio, professora de ciências da rede municipal de São Paulo
“A professora marcante da minha trajetória acadêmica foi a Magda Pechliye, professora da Metodologia do ensino de Biologia do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Uma pessoa inspiradora, que me fez desenvolver uma visão mais crítica em relação ao ensino de biologia e à educação de forma geral. Seu olhar atento às/aos estudantes e seus feedbacks tão completos me fizeram aprender a equilibrar firmeza e afetividade na sala de aula. E, sobretudo, em suas aulas percebi pela primeira vez que estudantes constroem conhecimento e não são meros agentes passivos do processo de ensino-aprendizagem, o que na época mudou minha forma de ver o mundo e tornou-se a base das minhas práticas docentes até hoje.”
Noslen Borges, professor de Língua Portuguesa e youtuber
“Todos temos um professor que impactou nossas vidas. Eu tenho alguns, na verdade! Para começar, a Glaucia Lopes Cansian, que foi minha professora de Língua Portuguesa no cursinho e no Ensino Médio. Foi ela quem me inspirou a seguir a carreira docente, sempre foi muito “mãezona”. E o legal é que depois tivemos a oportunidade de trabalhar juntos, em um cursinho em que ela dava aula de redação e eu, de gramática. Foi muito importante na minha carreira tê-la como parceira de tablado! Também preciso citar a professora Marlei Malinowski, minha orientadora de TCC, que me fez enxergar o letramento como uma das grandes ferramentas de ensino. E o professor João Paulo, de Ciências, na oitava série, com quem também tive a oportunidade de trabalhar em um cursinho, no qual ele era o diretor. Me inspirou muito por ser um cara animado, pra frente, feliz, que também tentava facilitar e trazer experiências concretas para a gente entender melhor a ciência. E, claro, tem a minha mãe, Sueli Maria Borges, que foi professora (de Educação Física) a vida toda. Com ela, aprendi a importância de olhar pro estudante com mais carinho. E hoje também tem a minha esposa, Glaucia Dissenha de Oliveira, que é uma grande professora de redação em quem me espelho quando vou abordar esse tema.”
Laura Leite Feitoza, professora de inglês na ONG de contraturno escolar Casa do Zezinho
“Muitos professores marcaram minha vida. Mas nenhum como o tio Sérgio. Ele era dono da escola (Dantas Dumont) onde estudei, e também foi meu professor de história. Ele marcou minha vida porque sempre teve conversas muito profundas comigo, sempre olhando além da minha idade, me fazendo pensar fora da caixinha. Ele também me incentivou a tomar gosto pela leitura e pelo estudo. Ajudou meus pais em diversas ocasiões. Se fiz o ensino fundamental 1 e 2 de qualidade, foi por causa dele. O tio Sérgio sempre plantou sementes do bem no meu coração. Elas floresceram e hoje tento plantar sementinhas semelhantes em outras pessoas também. Pois foi com ele que aprendi que o conhecimento só serve quando a gente passa adiante.”
Ronaldo Barbosa, professor do Instituto de Geociências e do Instituto de Artes da Unicamp
“Eu lembro de uma professora do ginásio, um do cursinho e outra da faculdade. No ensino superior, teve o professor Tomaz. Ele dava provas sempre com consulta. Era uma premissa do trabalho dele. Assim, a gente aprendia de fato nas aulas, não ficava preocupado com a prova. Com o passar dos anos, adotei esse modelo na minha vida acadêmica. Na época do cursinho, admirava muito um professor de matemática, pela clareza e sobriedade. Enquanto muitos gritavam e “davam cambalhota” em sala de aula, ele era muito centrado, muito ponderado. Tinha um trato fino com os alunos e eu gostava disso. No fundamental, a lembrança é de uma professora de português que tinha amor à literatura. Uma coisa era eu ler o texto, outra era ouvir ela lendo. Foi ali que aprendi que havia várias formas de ler um texto.”
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