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Competências

A importância de ensinar ciência de dados na infância

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REDAÇÃO RHYZOS EDUCAÇÃO
21/03/2022

Na era digital, deparamo-nos a cada dia com toneladas de dados gerados a partir das mais variadas fontes. São tantas fotos, áudios, mensagens, vídeos, textos, números e gráficos que podemos até naufragar nessa enxurrada. No entanto, seria melhor transformá-la em informação. Saber analisar conteúdos, discernindo se são relevantes ou não, verdadeiros ou não, e lidar com eles de maneira responsável e cidadã: eis uma das tarefas inadiáveis de cada indivíduo para viver o presente e o futuro.

Como preparar as futuras gerações para essa nova realidade? De acordo com Claire Bowen, pesquisadora do Urban Institute (think tank com sede em Washington, nos Estados Unidos), a resposta está em ensinar ciência de dados desde muito cedo – de preferência, na infância, no ensino fundamental.

Durante a pandemia da covid-19, Bowen e sua equipe criaram o Data4Kids, uma plataforma que ajuda educadores a ensinar jovens a administrar e consumir dados. Para a especialista, os alunos na terceira série já podem aprender. Basta que os professores utilizem temas atraentes para a infância, que tenham a ver com seu universo de interesse – parques, cachorros e brinquedos, por exemplo –, para aplicar as noções básicas de ciência de dados.

De fato, nos Estados Unidos, a ciência de dados é aplicada nos primeiros anos do ensino fundamental. Para a educadora Jo Boaler, doutora em educação matemática da Universidade Stanford, a alfabetização de dados é uma das competências mais importantes para desbravar o mundo atual, pois embasa praticamente qualquer tipo de decisão que se venha a tomar. Com ela, os jovens adquirem habilidades como capacidade de resoluções de problemas, criatividade e curiosidade, características muito valorizadas no mercado de trabalho. Sem dúvida, outro fator muito importante é a demanda por profissionais qualificados no setor de tecnologia. Para se ter ideia, de acordo com o site Immigration Group, 35% dos profissionais de TI que trabalham nos Estados Unidos, atualmente, são estrangeiros.

Enquanto isso no Brasil…

No Brasil, a situação não é mais confortável. Pelo contrário. Recentemente, um tuite viralizou na internet: “Perdi o segundo desenvolvedor da minha equipe em 45 dias para uma empresa da América do Norte. Salário: pouco mais de 40 mil reais por mês, home office. Se você tiver filho, siga meu conselho: Bota esse menino pra estudar tecnologia e inglês enquanto é novo”.

Não foi por acaso. Pesquisas indicam que a demanda por profissionais como desenvolvedores de software, analistas de sistemas e analistas de pesquisa de mercado terá aumento de pelo menos 20% até 2025. Além disso, nos últimos anos, houve um aumento de 54% por profissionais de ciência de dados em países como os EUA e o Reino Unido.

No Brasil, onde o desemprego castiga 12,4 milhões de pessoas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a perspectiva de qualificação nas áreas ligadas à tecnologia seria mais do que bem-vinda. Conforme dados divulgados em dezembro de 2021 pela Associação Brasileira das Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a demanda por profissionais qualificados nas áreas de software, serviços de TIC e TI In-House deverá alcançar 797 mil vagas em 2025. As vagas serão impulsionadas por investimentos estimados em R$ 413,5 bilhões em tecnologias de transformação digital – principalmente em nuvem, internet das coisas e big data/analytics.

Com isso, o déficit de profissionais desses setores poderá atingir a incrível marca de meio milhão de pessoas em quatro anos.

Educação

Para solucionar esse gap, ações pontuais vêm sendo adotadas no Brasil. Escolas privadas como a SuperGeeks, por exemplo, se propõem a ensinar programação e robótica para crianças e jovens. Há também a iniciativa da Fundação Telefônica Vivo de incluir a ciência de dados no aprendizado de jovens do ensino médio da rede pública de ensino, beneficiando 19 escolas de Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

“Queremos aumentar as possibilidades dos jovens em ocupar vagas nas áreas de big data e análise de dados, além de democratizar o acesso à informação sobre o assunto”, afirmou Lia Glaz, head de educação da Fundação Telefônica Vivo, ao jornal Valor Econômico.

Já deu para perceber que a ciência de dados é uma habilidade fundamental na infância e além. Não apenas para que possamos analisar milhares de dados que recebemos a cada instante, mas também por uma questão profissional. O indivíduo que dominar esse conhecimento terá vantagens em todas as áreas. E, de acordo com os especialistas, a infância é o momento ideal para adquirir essa habilidade. O desafio é democratizar não só o acesso à informação, mas também a alfabetização dos dados. Para que não apenas um grupo restrito e, sim, toda a sociedade possa usufruir dos benefícios da era digital.

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