A aprendizagem visível como rotina na educação pós-pandemia
ANA CAROLINA STOBBE
20/06/2022
Uma das últimas novidades no universo educacional foi a ampla digitalização. Mas esse paradigma ainda exige inovação dos professores. No novo contexto, vale destacar o esforço da educadora Julia Pinheiro Andrade, que em fevereiro de 2022 lançou o livro “Aprendizagens Visíveis: experiências teórico-práticas em sala de aula” pelo selo Panda Educação.
O livro é “extremamente oportuno e atual”, segundo o professor e pesquisador José Moran. “No Brasil, estávamos mais atentos às estratégias das metodologias ativas do que a enfatizar também como tornar visível o que e como cada um está aprendendo”, ele escreve no prefácio. “Essa integração de visões teóricas na prática docente é fundamental para tornar o acompanhamento e a avaliação de todo o processo mais amplo, rico, lúdico e transparente.”
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O tema das aprendizagens visíveis tem três grandes referências no pensamento educacional contemporâneo:
Projeto Zero: desenvolvida em Harvard, a metodologia busca preparar o educador para uma abordagem reflexiva. Nela, é possível encontrar a melhor experiência para o estudante se definido, antes e claramente, os objetivos de aprendizagem.
Visible Learning: a teoria da aprendizagem visível, criada por John Hattie, diz que os professores são capazes de causar forte impacto nos alunos. Não apenas ao ensinar, mas também a partir do relacionamento, de um vínculo social e emocional com o aluno – o que faz os educadores permanecerem na memória dos estudantes, de maneira positiva, ao longo de anos.
Reggio Emilia: surgida após a 2ª Guerra Mundial, em uma pequena comunidade da Itália, por famílias devastadas pelo conflito que se organizaram para construir escolas a partir dos escombros da cidade. A abordagem procura compreender que a criança, desde a mais tenra idade, deve ser respeitada enquanto sujeito em busca de um desenvolvimento integral. Aos adultos, compete proporcionar as experiências que estimulem esse aprendizado, como a cultura do ateliê e da documentação pedagógica.
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Organização do livro
Para tornar a experiência mais tangível aos educadores, o livro de Julia Pinheiro Andrade foi escrito por 17 professores-pesquisadores, que compreendem a importância de estimular o pensamento crítico para o desenvolvimento de uma aprendizagem mais ativa e autônoma. A obra reúne relatos de práticas pedagógicas em escolas públicas e privadas. Além disso, conforme se avança nas páginas, QR Codes direcionam os leitores para referências bibliográficas e materiais complementares, o que proporciona maior aprofundamento nos assuntos.
Entre os temas abordados estão o pensar e a reflexão na formação docente, a cultura maker (“mão na massa”), o uso do design no projeto político-pedagógico, a avaliação e a autoavaliação como aprendizagem, o estudo do erro, a prática direcionada e o planejamento reverso. É, sem dúvidas, uma obra para aqueles que estão comprometidos em transformar os processos de ensino-aprendizagem em experiências realmente significativas.
3 insights
Confira três sugestões do livro que podem ser utilizadas em sala de aula:
- 321: consiste em selecionar 3 palavras-chave, duas perguntas e uma imagem que se relacionem com o conteúdo estudado. Dessa forma, é estimulado o poder de síntese e a capacidade de metaforizar os assuntos fazendo relações com o mundo real.
- Manchetes: consiste em resumir o conteúdo do dia em uma manchete de jornal. É uma forma de aprendizagem ativa que também estimula a sintetização de temas complexos.
- Fala dominó: os alunos formam uma fila e compartilham suas reflexões sobre a aula, de forma a criar uma narrativa única e que tenha conexão e coesão entre os argumentos apresentados. Desse modo, é possível estimular o pensamento crítico, a capacidade de se adaptar a diferentes contextos e a relação interpessoal.
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APRENDIZAGENS VISÍVEIS, por Julia Pinheiro de Andrade (organizadora)
Editora: Panda Educação
Ano: 2021
Número de páginas: 304
Preço: R$ 55,90/E-book: R$ 39,90