Quando os alunos conduzem reuniões de pais e professores, todos saem ganhando
REDAÇÃO RHYZOS EDUCAÇÃO
21/02/2022
Sabe a reunião de pais e mestres? Aquela em que pais e professores se reúnem para discutir o progresso dos alunos. Pois bem, na maioria das escolas, esta é uma conversa particular entre o professor e os pais. Geralmente começa com apresentações agradáveis. O professor conta sobre o desempenho do aluno, depois explica as notas do boletim, fala do comportamento. O docente também sugere algumas áreas em que a criança pode melhorar – e os pais ficam livres para fazer perguntas, se assim desejarem.
Mas é tudo jogo rápido. Afinal, o professor pode ter de 20 a 30 conversas semelhantes num mesmo turno.
Essa rotina de longa data é muitas vezes transacional e reforça uma dinâmica de poder: o professor é o expert. O responsável pela criança é um participante passivo, apenas sentado lá ouvindo sobre seu filho, como se já não soubesse daquilo. E tem mais. Ou melhor, menos – porque nesse feedback a criança raramente está presente. Não parece um bom modelo.
Envolvendo as crianças
A professora Emily H. Murphy é cofundadora da Avem Education Partners. Em um artigo publicado na Edsurge, ela conta que um número crescente de escolas – incluindo onde dava aulas em Oakland, Califórnia – está mudando a reunião de pais e mestres para “student-led conferences”. Em português, seria algo como “conferências lideradas por alunos”. Nelas, os estudantes mediam a conversa entre seus pais e o professor.
No caso da experiência de Emily, normalmente o aluno começa compartilhando o que está gostando na escola, bem como o que considera seus pontos fortes e desafios. Eles geralmente também revisam o próprio boletim, tecendo comentários.
Esse arranjo não precisa ser sofisticado ou formal. “Na minha escola, usávamos papel milimetrado e fichários. Os alunos do jardim de infância usavam carinhas sorridentes para indicar as habilidades que haviam aprendido”, relata Emily. Os alunos do quarto ano fizeram gráficos de barras simples para capturar seus níveis de leitura aprimorados. Os alunos do nono ano ficaram um pouco mais sofisticados usando ferramentas de apresentação gratuitas do Google.
Independentemente do formato ou da entrega, o importante é que o aluno esteja sempre conduzindo a conversa. O professor pode entrar na conversa para fornecer mais contexto e os pais podem fazer perguntas ou oferecer sugestões. Contudo, o aluno é quem deve falar mais. Na conclusão da reunião, o estudante geralmente compartilha os próximos passos que dará para alcançar as metas que ele mesmo se estabeleceu.
Essa abordagem permite que o aluno compartilhe, reflita e se aproprie da aprendizagem. É um formato de reunião que envia uma mensagem clara ao aluno: confiamos em você, acreditamos em você e estamos aqui para te apoiar. Também dá aos pais a oportunidade de fazer melhores perguntas.
“Tenho visto essa abordagem funcionar de forma linda para famílias que não falam inglês, especialmente”, recorda Emily, ao contar sobre a memória que tem de assistir a um aluno do oitavo ano liderando uma conferência bilíngue. “Sentaram-se em círculo. A aluna compartilhou seu portfólio, explicando seu progresso ao pai em espanhol e depois ao professor em inglês”, conta Emily em seu artigo. Desta forma, a aluna conseguiu alavancar seu bilinguismo para facilitar a conversa de tal forma que todas as línguas fossem honradas e igualmente valorizadas.
Outra lembrança favorita de Emily foi assistir à spring conference (reunião de primavera, que acontece em abril nos Estados Unidos) de Mateo. Ele era um aluno do sexto ano que não teve muito sucesso na escola até aquele momento. Durante sua reunião de outono, ele compartilhou querer melhorar em leitura e multiplicação. Na primavera, ele orgulhosamente apresentou seu crescimento, mostrando aos pais que havia subido dois níveis em leitura e aprendido multiplicação. Seu rosto sorriu ao ver suas reações lacrimosas dos que o assistiam. “Ele não apenas alcançou seus objetivos, mas também conseguiu explicar como chegou lá e ver o orgulho que trouxe sua família”, relata Emily.
Existem casos em que o professor e os pais devem se comunicar sem a presença do aluno? Sim, existem circunstâncias que são mais adequadas para uma conversa apenas para adultos. Mas quando se trata de aprendizagem dos alunos, por que eles não estariam lá?
Isso também funciona para crianças pequenas. Segundo a professor Emily, eles podem exigir mais “scaffolding” — na educação, pode ser compreendido como estrutura de apoio à aprendizagem que é retirada ao alcançar o conhecimento — e orientação do professor. Mas pergunte a um aluno do jardim de infância o que eles aprenderam, e eles vão dizer com orgulho até que número eles podem contar e quais letras eles sabem. Aqui estão ótimos exemplos (em inglês) dessas reuniões em ação em diferentes níveis: jardim de infância , ensino médio e ensino médio.
Se queremos que os alunos se sintam motivados e entusiasmados com o próprio aprendizado, o mínimo que podemos fazer é convidá-los para a conversa.
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