Futuro da educação: o necessário exercício da incerteza
RICARDO LACERDA
11/05/2022
A pandemia foi a prova cabal de que o mundo pode mudar da noite para o dia. Mas desde antes da covid-19, em todas as áreas do convívio humano, a necessidade de reinvenção tem sido uma constante. A própria educação, um processo historicamente padronizado, já vinha sendo submetida a novos paradigmas – sobretudo aqueles atrelados à tecnologia.
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Mas de que modo a educação vai se transformar a ponto de atender plenamente às novas demandas da sociedade? Essa foi a tônica das apresentações de Alexandre Sayad, diretor da ZeitGeist e co-chairman da aliança internacional da UNESCO em educação midiática, e a futurista Beia Carvalho, fundadora e presidente do think tank 5 YEARS FROM NOW®. Eles participaram do primeiro dia do Congresso Bett Brasil, que ocorre durante a Bett Brasil 2022. Confira os principais pontos abordados por cada um:
Tecnologia como linguagem criadora de cultura
Alexandre Sayad: “Tecnologia não é apenas ferramenta ou meio. É linguagem e permite criar cultura. Gosto do approach da BNCC quando fala de cultura digital, que é produzida pela linguagem da tecnologia. Receptor, emissor e mediação já não são como antes. As mídias permitem não haver mais mediação, por exemplo. E a inteligência artificial, nesse sentido, é relação objeto-homem. Claro que o algoritmo é feito pelo homem, então desenvolvê-lo é também uma questão ética.”
Tecnologia para escalar conhecimento
Beia Carvalho: “As tecnologias nos tiram da vagarosidade linear, que é o processo de terminar uma coisa para começar outra. Quando você usa tecnologia, consegue fazer com que o aprendizado entre em escala, em rede. E quando se está em rede existe menos autoridade e mais conhecimento – e é aí que o conhecimento roda mais rápido.”
Ambientes imersivos – e a ética dentro deles
Alexandre Sayad: “Tem escolas que vão criar ambientes imersivos, professores que vão criar mundos digitais. Já imaginou andar nas ruas do Rio de Janeiro no fim do século 19 acompanhado de Machado de Assis? Se essa realidade se tornar onipresente, a preocupação será sobre quem garantirá os direitos das crianças lá dentro. A pesquisadora Sonia Livingstone, especialista digital em crianças [vinculada à London School of Economics], estendeu o Estatuto da Criança e do Adolescente da Inglaterra ao mundo digital por meio de um dispositivo de lei. Lá, qualquer abuso contra uma criança no ambiente digital tem a mesma penalidade do mundo físico.”
Colaboração no processo ensino-aprendizagem
Beia Carvalho:“No século 21, ninguém faz nada sozinho. E quando a gente pensa em se organizar em grupos, já temos que pensar em uma nova geografia, que não está no mapa que estudamos na escola. Hoje eu posso fazer um curso com uma pessoa que mora no Uzbequistão, por exemplo. Temos que começar a pensar em união por afinidades, e não geograficamente, apenas. O processo de aprendizagem é muito mais efetivo quando unimos pessoas com afinidades.”
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