Seus alunos são capazes de resolver problemas complexos? É melhor que sejam
RENATA CARDOSO
24/02/2022
Sucessivos relatórios do Fórum Econômico Mundial apontam que a resolução de problemas complexos é uma habilidade indispensável no mercado de trabalho – e capaz de fazer a diferença no mundo. No ranking do último estudo The Future of Jobs, com dados de 2020, consta que resolver problemas complexos será a terceira habilidade mais valorizada em 2025, logo atrás do pensamento analítico e da aprendizagem ativa.
Para os professores, a questão que fica é como ajudar os estudantes a desenvolverem essa competência desde o ensino básico. Bem, não há receita de bolo. Cada escola, estudante e professor possui características e necessidades próprias. Mas, uma coisa é certa: é preciso aproximar as instituições ao contexto da comunidade.
Nesse sentido, os alunos devem ser instigados a resolver desafios que fazem parte de seu cotidiano. Ou seja, mobilizar matérias e disciplinas para a resolução de questões que podem ser, por exemplo, ambientais, sociais e tecnológicas.
Encarando os desafios
De acordo com a educadora Karina Nones Tomelin, que trabalha na área de formação docente e inovação educacional, é preciso antes de tudo ensinar a escutar e a observar. Segundo ela, que é psicóloga, pedagoga e autora do livro 100 ideias inspiradoras para sua aula (editora Livramento, 2021), a capacidade de resolver problemas está ligada ao socioemocional, à resiliência e a motivação na busca por soluções.
Para isso, a criatividade é fundamental. “A capacidade criativa pode ser trabalhada, não é apenas algo inato. Quando falamos em criatividade e inspiração, ela só vem quando olhamos para o entorno”, afirma Tomelin. Aqui, vale quase tudo: visitas técnicas, experiências imersivas, trato de hortas, observações, palestras com convidados especiais e por aí vai. O importante é que as ações sejam inclusivas e que façam sentido no contexto geral.
O professor também precisa ser criativo, segundo a educadora. E também precisa olhar para o entorno para pensar atividades customizadas. Geralmente, essas ações não estão em um manual nem são aprendidas na licenciatura. Por isso a formação continuada é tão importante para os docentes.
Outro aspecto fundamental é o trabalho em equipe. Os problemas complexos geralmente são interdisciplinares, então, por que não fazer parceria com professores de outras disciplinas? Com o apoio da equipe pedagógica e papéis bem definidos, é possível compartilhar experiências e responsabilidades entre os colegas, tornando as tarefas mais fáceis de organizar.
Essas iniciativas geralmente repercutem positivamente para a gestão escolar, gerando mais engajamento dos estudantes, da comunidade e bons resultados em avaliações. Claro: nem todas as aulas precisam ser “diferentonas”. “Comece criando uma ou duas ações por bimestre, experimentando, vendo o que deu certo e o que deu errado”, indica Tomelin.
5 dicas para resolver problemas complexos
Aqui estão algumas sugestões para desenvolver nos alunos a capacidade de resolver problemas complexos.
1) Aborde problemas reais: traga para sala de aula situações, casos, problemas reais relacionados a comunidade local e familiar dos estudantes.
2) Promova o olhar empático: estimule a observação e a interpretação da realidade com um olhar empático, formulando hipóteses e estimulando a curiosidade.
3) Estimule a mentalidade resolutiva: provoque os estudantes a buscarem soluções criativas a partir de uma mentalidade otimista e resiliente.
4) Fomente a colaboração: reforce o trabalho em equipe, a troca de ideias respeitosa e as opiniões de todos os alunos.
5) Valorize os resultados: divulgue o trabalho dos estudantes em espaços públicos estimulando a participação e avaliação da comunidade local.
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